Ao subir ao palco da jornada para agradecer aos R$ 5 mil que recebeu como vencedor do Concurso de Contos Josué Guimarães, Olavo Amaral reforçou o que considera o papel fundamental dos concursos literários citando exemplo da própria trajetória.
Seus dois livros publicados até hoje, duas coletâneas de contos, foram lançadas por meio de seleções e editais oficiais: Estática (2005), resultado da Coleção 2000 do Instituto Estadual do Livro, e Correnteza e Escombros, selecionado pelo edital Novos Autores Fluminenses da Secretaria de Estado da Cultura do Rio de Janeiro em 2011 e publicado pela Editora 7 Letras em 2012. Mais tarde, Amaral seria cumprimentado pela vencedora do Prêmio Passo Fundo Zaffari & Bourbon, Ana Maria Machado.
- É muito importante um prêmio para quem está começando sua trajetória, é uma confirmação de caminhos, de que se está fazendo algo que pode dar certo. No início é muito difícil esse retorno, e por isso fiquei feliz de vê-lo lá no palco, e fomos jantar mais tarde e eu disse isso para ele.
Médico e porto-alegrense, Amaral vive hoje no Rio. Dos três contos que apresentou à seleção do júri do Concurso Josué Guimarães, dois fazem parte de um projeto de novo livro, por ora nomeado apenas Dicionário de Línguas Imaginárias.
- O livro anterior era, de modo geral, cortázariano, visceral, intenso. Este é mais cerebral, mais centrado na linguagem, questiona a língua, o idioma, sua lógica, seu processo.
Enquanto trabalha em outros contos para esse conjunto, Amaral também planeja seu primeiro romance, uma ficção futurista distópica que deve ser ambientada em um Rio de Janeiro arrasado pelas águas e nos quais as favelas nos morros se tornam alguns dos últimos teimosos redutos populacionais. A inspiração na ficção de massa, que vem se tornando frequente em autores contemporâneos, como a ficção científica de Luiz Bras ou o fantástico na obra de Antônio Xerxernesky, é, de acordo com ele, uma escolha que ecoa o atual universo da cultura pop na qual o Brasil está inserido, como praticamente todos os países da atual sociedade globalizada. A dificuldade, de acordo com ele, é mesmo se relacionar com a dinâmica da narrativa longa.
- Sou um cara muito indeciso, e preciso ter um fio na minha cabeça com o qual possa trabalhar: a história é isso aqui. E isso é mais fácil no conto. No romance as possibilidades são muito maiores, e é liberdade demais para a minha cabeça - brinca.
(Leia no link um texto sobre Correnteza e Escombros, livro de Olavo Amaral)
Prêmio
Olavo Amaral vence o Concurso de Contos Josué Guimarães
Autor de duas coletâneas de contos, escritor reforçou a importância das premiações para quem está começando no mundo das letras
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