De fato, como prometeram seus produtores e o diretor Todd Phillips, Se Beber, Não Case! Parte III não incorre no mesmo erro do segundo longa da trilogia, que repetia a fórmula consagrada pelo primeiro, em 2009. Teria sido menos ruim se incorresse: na tentativa de buscar algo diferente, Phillips e companhia erraram feio no tom do filme - a principal estreia da semana nos cinemas, que em virtude do feriado foi antecipada de sexta para esta quinta-feira.
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O investimento pesado no marketing que extrapola a própria produção, responsável por levar o elenco à Europa e, esta semana, ao Rio de Janeiro, tem sido suficiente para cavar espaço na imprensa, sobretudo a mais apressada. Mas não deve ajudar a salvar o filme da recepção negativa. Trata-se, convém recordar, da continuação de títulos que angariaram fãs por todo o mundo e que detêm arrecadações recorde entre os longas com classificação etária R (17 anos) nos EUA - US$ 586 milhões, no caso da parte dois, e U$ 467, no de Se Beber, Não Case! original.
Na nova trama, Allan (Zach Galifianakis) e o chinês Chow (Ken Jeong) ganham destaque desde as duas sequências iniciais. Na primeira, este último promove uma rebelião em uma prisão de segurança máxima em Bangcoc, na Tailândia, e foge até chegar à fronteira do México com os EUA. Corte para uma autoestrada nos arredores de Los Angeles, onde o gordinho barbudo do quarteto que também é formado por Phil (Bradley Cooper), Stu (Ed Helms) e Doug (Justin Bartha) reboca uma girafa. Na cena, que causou polêmica ao ser exibida num trailer "para maiores" (o tal do marketing, novamente), há um grande acidente, e o animal é decepado ao passar sob um viaduto.
Os amigos chegam à conclusão de que Allan extrapolou os limites e precisa ser internado num retiro para reabilitação. Resolvem pegar a estrada para levá-lo a uma clínica. É aí que têm início as bizarrices que caracterizam a série - e que se tornaram referência para um tipo de comédia politicamente incorreta cada vez mais difundida em Hollywood.
Questão central de Se Beber, Não Case! Parte III: as tais bizarrices, agora, não têm graça. Pior do que isso, às vezes cruzam a linha que separa o politicamente incorreto do simplesmente estúpido. Mais do que a "piada" da morte do animal selvagem no início, são exemplos as sequências que citam maus-tratos a uma idosa - é de se refletir sobre o tipo de "diversão" que buscavam Phillips e o corroteirista Craig Mazin ao escrevê-las.
A boa caracterização de John Goodman, como um novo vilão da história, acaba sucumbindo ao equívoco de princípios do projeto. O próprio ponto de partida dos títulos anteriores, que desenvolviam suas tramas a partir das consequências de uma festa sem limites (o título original, The Hangover, significa "a ressaca"), foi deixado de lado no longa que encerra a trilogia. A decisão se confirma equivocada nas últimas imagens de Se Beber, Não Case! Parte III, que só surgem na tela durante os créditos finais: elas fazem referência a uma nova noitada inconsequente, e, ironicamente, constituem a melhor parte de todo o filme.
Se Beber, Não Case! Parte III
(The Hangover)
De Todd Phillips. Com Bradley Cooper, Ed Helms, Zach Galifianakis, Justin Bartha, Ken Jeong, Heather Graham e John Goodman.
Comédia, EUA, 2013. Duração: 100 minutos. Classificação: 14 anos.
Estreia nesta quinta-feira no circuito (veja as salas no roteiro de cinema).
Cotação: 1 de 5 estrelas.