Cream cheese e salmão fazem o maior sucesso. Fotos: Emílio Pedroso/Agência RBS A presença da manga é uma invenção que deixa indignados os mais conservadores Temaki empanado é uma versão bem menos saudável
Há quem garanta que o temaki é o cachorro-quente do Japão. Uma espécie de fast-food japonês, só que saudável. Os cones de alga desidratada e farto recheio de peixes crus, arroz, pepino e outros quetais são a febre do momento, no Brasil, principalmente entre os jovens. Com preços acessíveis, apresentam vantagens em relação aos tradicionais sushis: são leves, rápidos de preparar, sustentam e dispensam o uso de hashi.
Até os gaúchos, considerados conservadores em relação à comida, estão elegendo as temakerias como os restaurantes do momento. E o mais interessante é que as temakerias são uma invenção brasileira. Elas não existem no Japão. Lá, devido à sua praticidade, os temakis costumam ser preparados em casa, por cada pessoa, que recheia os cones de algas com os ingredientes preferidos.
Por aqui, fazem tanto sucesso que chegam a se formar filas, principalmente na hora do almoço. Os frequentadores mais comedidos ficam com sabores mais tradicionais, como o de salmão, atum ou peixe branco com cebolinha e gergelim ou de kani. Os moderados costumam escolher os filadélfia (com salmão, cream cheese, cebolinha e gergelim) e os skin (com pele de salmão grelhada com molho tare e gergelim) e até chegam ao califórnia (com kani, pepino, manga e gergelim). Os mais gourmets optam pelos de haddock ou de camarão. E tem até os que chegam a sabores que deixariam qualquer japonês indignado: brigadeiro, nutella, sorvete, goiabada com queijo e por aí vai.
Direto da peixaria
O local é de difícil acesso, em pleno centro da cidade, em meio ao Mercado Público Municipal. Mas a Temakeria Japesca é a preferida dos jovens de Porto Alegre. Ela surgiu, há 2 anos, como uma alternativa da peixaria, fundada há 40 anos, que via diminuir o consumo de peixes. No início, comemorava quando conseguia vender 30 temakis. Atualmente, chega a atender 600 pedidos por dia.
A localização, no centro da cidade, não é empecilho para os aficionados. O Mercado Público de Porto Alegre tem recebido um público diferenciado, que vai até lá apenas com o intuito de comer as delícias orientais. E não são só jovens. A média de idade dos frequentadores da temakeria é de até 35 anos. Aos poucos, o local ficou tão
disputado que foi aberta uma filial na Siqueira Campos, 1.204, para dividir a demanda. Como fornecedora de peixes, a Japesca tem algumas vantagens em relação a outras temakerias: o preço mais baixo dos peixes, o know-how e a garantia de produtos frescos.
Os temakis fazem sucesso também junto aos iniciantes na culinária japonesa. Não exigem o uso de hashi - pelo contrário, devem ser comidos com as mãos -, e até ganharam uma versão inusitada: o temaki, um sushi empanado com salmão, cream cheese e cebolinha, que é frito. Parece coxinha de sushi. Coisa de brasileiro criativo.
Enrolados à mão
Até a abertura das temakerias, o que imperava nos restaurantes de cozinha japonesa era o tradicional temaki, com folhas de alga (nori), o arroz temperado (shari), omelete, pepino, kani, peixe cru fatiado, servido nas barcas que incluíam sushis e sashimis. Mas a criatividade brasileira não tem limite. Apesar de o de salmão com cebolinha ser o mais pedido, para indignação dos puristas, foram sendo acrescentadas outras opções. Para vegetarianos, versões com abobrinha, brócolis e até abacate.
Em São Paulo, onde teve início a onda das temakerias, tem espaço até para uma versão mexicana, que leva salmão, doritos e tabasco. Ou mais: opções doces, que ficam bem longe do que pode ser chamado temaki. Primeiro, dispensam a nori e utilizam tapioca, casquinha de sorvete e até panqueca, para rechear com chocolate, negrinho, nutella, frutas ou sorvete. Como cobertura, sai o gergelim e entram farofas de castanha-do-pará, de castanha de caju ou de nozes. Para enlouquecer qualquer japonês, os temakis no Brasil parecem não ter limite em relação aos ingredientes do recheio.
TEMAKERIA JAPESCA
> Endereço: Mercado Público Central, lojas 41 e 43, em Porto Alegre.
> Horário: De segunda a sexta, das 10h às 20h. Sábados, das 10h às 17h.