Mais do que incluir, Colegas quer envolver com uma história de sonhos vivida por pessoas com síndrome de Down e atingir públicos não alcançados pelo cinema. Atração de ontem no Festival de Gramado, o longa narra a história de três jovens (Ariel Goldenberg, Rita Pokk e Breno Viola) que, inspirados pelo filme Thelma & Louise, resolvem fugir do instituto onde vivem.
O casal Rita e Ariel estrelou o tapete vermelho do Palácio dos Festivais.
- Queremos mostrar que o Down também pode ser ator - disse Ariel.
- Meu sonho é erguer um Kikito - completou Rita.
Na sessão de ontem, Colegas foi exibido com audiodescrição, recurso que dá acesso às imagens do filme para deficientes visuais, além de beneficiar pessoas com síndrome de Down, problemas neurológicos e dificuldades de memorização.
Colegas foi narrado por uma equipe de especialistas a partir de um roteiro prévio que inclui os diálogos e a descrição detalhada das cenas. O texto foi elaborado por Kemi Oshiro, Marcia Caspary e Mimi Aragón, com supervisão de Lívia Motta - que também trabalhou na sessão de Saneamento Básico: o Filme, exibido com audiodescrição em Gramado em 2007.
Em Colegas, a relação entre deficiência visual e síndrome de Dowm não foi previamente planejada. Como o produtor executivo Marçal Souza não enxerga há oito anos, ele sentiu necessidade de dar possibilidade de interpretação do filme.
- Vivi os dois lados. E saber o que está acontecendo é diferente de somente imaginar - disse Souza.