Entre passos de dança e rimas, Billy Ânderson, o atípico breaker, como prefere ser chamado, tem transformado sua vida em arte. Aos 29 anos, Billy dança, desenha e faz do hip-hop sua voz em um mundo que nem sempre sabe ouvir. Dentro do Transtorno do Espectro Autista, ele encontrou no breaking dance e no beatbox formas de se expressar e sobreviver.
E foi por meio da arte que Billy realizou um sonho. Durante a 10ª edição do Rap in Cena, realizado no último final de semana em Porto Alegre, Billy se encontrou com o rapper Ja Rule, uma das atrações do festival, e entregou um presente ao ídolo:
— Conversei no WhatsApp com o Keni Martins, que é o fundador do Rap In Cena, mostrei para ele o desenho que fiz para o Ja Rule, e ele disse: "nós vamos fazer de tudo para entregar esse desenho para ele". E ele começou a fazer uma força-tarefa — contou Billy.
Fã desde criança do Ja Rule, Billy relatou que foi “extraordinário ter conhecido o rapper”, com quem compartilhou sobre a tragédia que o Rio Grande do Sul sofreu com a enchente de maio:
— É muito importante para mim, para minha vida ter conhecido alguém que tenha esse olhar humano. Falei também sobre a tragédia da enchente, com emoção porque fiquei agradecido por ele ter vindo ao nosso Estado. Foi uma emoção a realização de um sonho — disse.
Dividindo palco com Mano Brown
Em 2019, Billy já havia se encontrado com outro grande rapper, ao subir no palco de um show do Mano Brown, no Opinião, provando que sua história é tão vibrante quanto os ritmos que o movem.
Segundo Billy, o cantor o cumprimentou e, em seguida, deixou o palco para que ele brilhasse.
— Foi muito bom mesmo e realmente quando apertei a mão dele, ele quase esmagou a minha. Mas eu fiquei agradecido — relembrou.
Apesar das adversidades, Billy se tornou um exemplo dentro do movimento hip-hop, e segue inspirando várias pessoas.
— Não desistam de tentar. Sei que foi complicado para mim, foram muitas dificuldades para chegar onde estou hoje. Mas tentem. Acreditem. Acreditem porque vocês podem conseguir. Isso é um autista falando. Estou dentro do espectro e vejo muita coisa acontecendo. Sei o que passei para superar o bullying e o preconceito — finalizou.