A Praça da Alfândega sediou um baile gauchesco na noite desta quinta-feira (12), quando foi lançado o projeto O Grande Encontro - Reconstruindo o Rio Grande, tradicional espetáculo nativista que celebra uma década levantando a bandeira da volta por cima após a enchente que assolou o Estado. 12 artistas dividiram o palco montado entre o Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs) e o Memorial do RS para dar uma pequena amostra da festa programada para novembro.
Elton Saldanha, Shana Müller, Neto e Ernesto Fagundes, César Oliveira e Rogério Melo, Daniel Torres, Marcello Caminha, Érlon Péricles, Tatiéli Bueno, Cristiano Quevedo e Maria Alice embalaram o público com clássicos do cancioneiro regionalista. Sob o cheiro de pipoca e de espetinho na brasa, alguns arriscavam uns passos de dança, outros tomavam um mate com água quente cedida pela organização do evento.
Houve uma homenagem a Ayrton dos Anjos, o Patineti, que morreu em junho deste ano. Ele foi um dos principais produtores musicais do Estado e responsável por idealizar O Grande Encontro, que reúne cerca de 100 artistas nativistas no Auditório Araújo Vianna. Seu filho, Caetano Patineti, assumiu a produção do espetáculo que ganhou patrocínio do Banrisul.
— O meu pai era um entusiasta, um cara cheio de ideias. Ele pensava que, para o artista do Rio Grande do Sul vingar, ele tinha que circular pelo país. O Grande Encontro foi pensado para acontecer no Araújo Vianna a preços populares. As primeiras edições foram um sucesso — recorda Caetano.
Aos 60 anos, o aposentado Carlos Amilcar Santos dos Santos assistia ao show abraçado na esposa, Jussara dos Santos, 62. Moradores do Centro Histórico, eles decidiram caminhar até a Praça da Alfândega em uma noite de céu instável e temperatura de 17 graus para curtir um pouco de música nativista.
— Sou do pagode, mas a gente gosta de uma "gauderiada" — disse.
A novidade da 10ª edição de O Grande Encontro é que haverá uma turnê pelo interior do Estado, passando por sete cidades que ainda não foram divulgadas. É algo inédito na trajetória do espetáculo e com o qual Patineti sonhou por anos. Contudo, morreu sem saber que se realizaria.
— Ele não viu isso acontecer e esse é o meu maior vazio — diz Caetano.