Sete décadas de Jethro Tull serão apresentadas em Porto Alegre nesta quarta-feira (10). Comandada pelo vocalista e flautista Ian Anderson — que conta com David Goodier (baixo), John O'Hara (teclados), Jack Clark (guitarra) e Scott Hammond (bateria) —, a banda sobe ao palco do Auditório Araújo Vianna a partir das 21h (veja detalhes sobre ingressos ao final).
O show é da turnê originalmente intitulada RökFlöte Tour, que referencia o disco lançado pela banda no ano passado. Porém, a turnê também tem sido chamada de The Seven Decades ("As sete décadas") por Ian, já que repassa a trajetória do Jethro Tull desde os primeiros trabalhos. O repertório tem contado com We Used to Know, do álbum Stand Up (1969), passando pela era de ouro setentista que traz o clássico disco Aqualung (1971) — além da faixa-título, Cross-Eyed Mary e Locomotive Breath andam marcando presença na setlist —, chegando até os anos 2020, com faixas de The Zealot Gene (2022) e RökFlöte. Por outro lado, o aclamado Thick as a Brick (1972) não tem sido tocado.
Conforme Ian, o show tem mantido um equilíbrio razoável entre músicas familiares para o público e aquelas que não são tão conhecidas, até para a banda não trazer uma repetição do que a plateia já possa ter visto antes. A última vinda do músico a Porto Alegre foi em 2017, em apresentação solo que também reverenciava o legado da banda.
— Estamos celebrando as sete décadas de Jethro Tull. Tocamos pelo menos uma amostra de cada década, mas é claro que temos mais álbuns nos anos 1970, então tocamos mais músicas desse período — explica Ian. — Mas há um pouquinho de tudo para todo mundo.
Formada em Blackpool, cidade litorânea no noroeste da Inglaterra, em 1967, o Jethro Tull se consolidou por sua originalidade, incorporando elementos de música clássica e celta, do blues, do folk e do jazz ao rock, em trabalhos conceituais. O grupo se tornou um dos expoentes do rock progressivo, embora Ian creia que o trabalho se aproxime mais do folk rock, se observar o panorama geral da discografia da banda. Com inúmeras modificações em sua formação, o Jethro Tull permaneceu sempre sob o comando de Ian.
O trabalho mais recente do grupo, RökFlöte, é permeado pela mitologia nórdica, baseando-se em características de alguns deuses do antigo paganismo. Segundo Ian, ele decidiu explorar essas histórias por serem mais desafiadoras.
— Essa mitologia costuma ser atraente para aquelas bandas de black metal, que pensam que é legal celebrar as coisas ruins. Fascinou, no passado, pessoas como o escritor J.R.R. Tolkien, mas também os nazistas, que sonharam com esse tipo de pureza racial nórdica. Se você for escrever músicas sobre esse assunto, precisa ter cuidado — atesta. — Não significa que esteja glorificando essas crenças ou afiliações. Resolvi fazer o álbum para dar um toque leve, focar na luz humana provinda dos deuses nórdicos e suas personalidades.
Até a hora de parar
Aos 76 anos, Ian já planeja começar a trabalhar em um próximo disco na metade deste ano. Aliás, há apresentações agendadas do Jethro Tull para o segundo semestre na Europa. O músico afirma que subir ao palco segue sendo uma obsessão estranha.
— Algumas pessoas saem para correr todas as manhãs, ficam obcecadas com esse compromisso, sempre se testando fisicamente. Vira uma obsessão. É a mesma coisa para mim quanto a estar no palco. Vou me testando — reflete. — Mas não é apenas testar a si mesmo física ou mentalmente, pois há milhares de notas e palavras para lembrar. Quando subo ao palco, sinto um compromisso em me esforçar o máximo possível.
Ian não sabe por quanto tempo subirá ao palco, mas quer aproveitar cada momento dessa "obsessão" enquanto puder. Contudo, garante que, quando chegar a hora de parar, o adeus será silencioso.
— Provavelmente não conseguirei seguir me apresentando daqui a cinco anos. Quer dizer, eu disse o mesmo há um tempo e sigo tocando (risos). Tenho que fazer o meu melhor e ser honesto comigo mesmo — ressalta. — Quando chegar a hora de parar, não vou fazer uma turnê de despedida. As pessoas vão se perguntar por onde anda o Jethro Tull e não vão achar nada online. Não vou dizer adeus, não gosto de dizer adeus. Vou apenas me desligar silenciosamente do trabalho.
Jethro Tull em "RökFlöte Tour"
- Nesta quarta-feira (10), às 21h, no Auditório Araújo Vianna (Avenida Osvaldo Aranha, 685), em Porto Alegre.
- Ingressos: a partir de R$ 340 (solidário, mediante doação de 1kg de alimento não perecível). Pontos de venda: pela Sympla (com taxa), pela
Loja Planeta Surf Bourbon Wallig (somente em dinheiro) e na bilheteria do Araújo Vianna (no dia do show, duas horas antes). - Desconto de 50% para sócios do Clube do Assinante e acompanhante sobre o valor inteiro.