"Somos a coerência do absurdo/ Nada existe igual no mundo/ Tudo insiste em nos caber", definem-se Zélia Duncan e Paulinho Moska em Um Par Ímpar, canção que dá nome à turnê conjunta iniciada pela dupla em meados do ano passado e que chega a Porto Alegre neste sábado (28). Amigos de longa data e parceiros em muitas outras canções, os dois sobem ao palco do Teatro do Bourbon Country às 21h (veja detalhes sobre ingressos ao final do texto). Será uma noite de celebração: da música, do poder das palavras, da amizade.
A dos dois nasceu em meados dos anos 1990, época em que Zélia e Paulinho ainda davam os primeiros passos em suas carreiras na música. O primeiro encontro ocorreu em um bar onde ambos costumavam tocar, sempre em noites alternadas. Até que certa vez dividiram a mesma noite e perceberam dividir muitas outras coisas mais.
— Coincidentemente, a gente tinha o mesmo violão — lembra Paulinho. — Eu era todo orgulhoso por ser um dos únicos caras que tinha aquele violão específico, até ver que a Zélia tinha um igual (risos). Quando ela entrou no camarim e colocou o violão ao lado do meu, nunca mais nos largamos. Conversamos sobre referências, sobre música, e começou ali essa nossa amizade, que é na verdade um espelho, porque nós dois somos muito parecidos.
No show deste sábado, os artistas também estarão unidos por seus violões. Eles sobem ao palco munidos de alguns exemplares do instrumento de cordas e acompanhados do violonista uruguaio Miguel Bestard, que ajuda a compor a ambiência sonora que vem sendo a marca registrada da turnê, cuja direção musical é de Rodrigo Suricato.
A musicalidade do espetáculo é, então, ancorada na dobradinha de voz e violão. Mas o resultado vai muito além do que comumente se espera de apresentações neste formato, conforme Zélia:
— Eu toco o violão de aço, mas eles variam o instrumento o tempo inteiro. Tocam violão barítono, violão com cordas invertidas... O resultado é uma sonoridade que tem muito peso. Em nenhum momento é aquele clima intimista de voz e violão, sabe? Eu adoro, mas não é o caso. É um show de muita energia, de abertura de voz, de violão pesando quando tem que pesar e de sonoridades muito marcantes.
O intimismo fica por conta da relação próxima que Zélia e Paulinho expõem sobre o palco. A performance da dupla é marcada pelo afeto, pelo companheirismo e pela admiração mútua que sentem e fazem questão de deixar claro ao público, seja por meio de declarações de amor ou pela entrega ao cantarem juntos. O repertório percorre, durante cerca de uma hora e meia de espetáculo, todas as composições conjuntas dos dois — como Carne e Osso, Tom do Amor e a própria Um Par Ímpar, que foi guardada na gaveta pelos dois durante anos, justamente para servir de música-tema da turnê quando esta ganhasse forma.
Também entram no setlist as principais canções individuais dos dois artistas. São músicas populares e facilmente reconhecidas pelo público — Zélia e Paulinho já emplacaram dezenas de hits em trilhas de novelas, por exemplo. Mas a brincadeira em Um Par Ímpar está em ouvir as célebres canções da dupla de um jeito diferente: com um pouco de Zélia cantando Paulinho, outro pouco de Paulinho cantando Zélia, e muito dos dois cantando juntos, em perfeita sintonia, como se fossem um só.
— O público é invadido pelo transbordamento da nossa amizade, da nossa verdade e da intimidade que nós temos — diz Paulinho. — Amizade tem a ver com troca, com você perceber como o outro te inspira e te melhora. Acho que as pessoas conseguem perceber isso na gente através das sutilezas, no modo como nos olhamos, como nos falamos e como cantamos as músicas um do outro.
— Durante o show, eu fico vendo ele cantar as minhas músicas sempre com um sorriso no rosto. Não tiro o sorriso do rosto nunca — conta Zélia. — Eu amo ver o Paulinho arrasando e amo poder aplaudi-lo. Acho que a medida da amizade e do amor não é quando você consola uma pessoa, quando oferece um ombro amigo, mas quando você a aplaude. Eu amo aplaudir o Paulinho.
Deitando e rolando em cima do palco
Os aplausos têm sido fartos desde a estreia da turnê Um Par Ímpar, com bons números de público em diferentes cidades e recepção positiva da crítica. O resultado não é exatamente uma surpresa para Zélia e Paulinho: embora um certo frio na barriga sempre esteja presente, eles sabiam que iria dar certo.
O que mais tem surpreendido a dupla é o modo como acabaram ficando "ainda mais apaixonados um pelo outro" depois da experiência de dividir estradas e palcos. O amor e a admiração já eram tão grandes que pensavam nem haver mais espaço para crescer, mas cresceu.
— Elis Regina costumava dizer que a cama e o palco só se divide com quem se ama muito. Eu e Paulinho não dividimos a cama, mas deitamos e rolamos em cima do palco. E nos amamos muito — afirma Zélia.
Sobre a apresentação deste sábado, os dois esperam plantar também uma semente de amor nos corações presentes na plateia. E mostrar ao público gaúcho o porquê de serem um par ímpar. Únicos.
Um Par Ímpar - Zélia Duncan e Paulinho Moska
- Neste sábado (28), às 21h, no Teatro do Bourbon Country (Av. Túlio de Rose, 80), em Porto Alegre.
- Ingressos disponíveis na plataforma Uhuu, a partir de R$ 200 (inteiro).