Positivo e leve, com uma pitada de amor de verão. Assim pode ser definido o primeiro show realizado no Palco Planeta, na 26ª edição do Planeta Atlântida. A banda mineira Lagum levou seu pop rock despojado aos planetários.
Formada em 2014, a banda de Belo Horizonte homenageia em seu nome uma lagoa de Brumadinho (MG) que os integrantes do grupo frequentavam. É composta por Jorge (guitarra), Zani Furtado (guitarra cabeludo, também Otávio), Francisco Jardim (baixo) e Pedro Calais (vocalista).
A Lagum costuma misturar pop rock, reggae, rap acústico e MPB – inserindo elementos acústicos e eletrônicos em suas canções. Trata-se de um som leve e que orna com o verão, conectado com o cenário do "pop good vibes" de nomes como Vitor Kley, Melim e Anavitória (no caso, músicas ensolaradas com bases de violão). Seria um pop rock de surf shop. Ou que tocaria em um bar com cadeiras de praia na brita.
Antes do grupo subir ao palco, os planetários gritavam o nome da banda. Diante da recepção calorosa, eles abriram o show com a positiva Ninguém Me Ensinou (“A vida é boa pacarai/ Nem sei por que eu tô chorando/ Eu tenho 20 e poucos anos/ E não vou parar aqui” (...) “Não tenho medo de errar/ Só medo de desistir"), trazendo a ideia de aproveitar a vida o quanto for possível.
A positividade e a celebração da vida também estavam presentes na letra da segunda música do show, Bem Melhor (“Ser solto é bem melhor/ E ser leve é bem melhor/ Celebre a vida e só”).
A partir da terceira canção, a temática muda. Musa do Inverno traz versos curiosos, como "Do seu corpo branquelo, vermelhão de sol/ Minha musa do inverno não curte passar Sundown”.
Lagum apresentou na sequência Oi, recebida com entusiasmo pelo público, e Eita Menina — parceria com L7nnon e Mart'nália, que combina elementos de rap acústico e samba.
Depois da sequência Fifa e Universo de Coisas que Eu Desconheço, Calais vibrou:
— Estamos muito felizes de estar aqui. É gigante!
Em seguida, apresentaram um trecho de A Gente Nunca Conversou (Ei Moça). Uma das raras letras em que o eu-lírico dá atenção à higiene capilar ("Ei, moça!/ O que cê passa no cabelo?/ E que tem cheiro de limão fresquin'/ Quero te apresentar pra minha mãe já”).
Então, o Lagum levantou os planetários com Eu e Minhas Paranoias — pop rock ensolarado sobre autossabotagem ("Mas não tenho dúvida/ Que essa vida é curta demais pra me sufocar/ Com o que já passou/ Não dá mais/ Eu sinto culpa em tudo que eu faço/ Não dá mais/ Peço desculpa, eu me sinto tão chato”), mas que também envereda para o punk.
O show prosseguiu com a suave Telefone e sua sacada sensacional na letra: "E eu lá esperando cê ligar/ Torcendo pra não ser um telemarketing de venda/ E eu vou chorar se tentar me vender/ Algum tipo de plano que não seja o meu com você").
Depois de Veja Baby empolgar o público, eles tocaram Eu Não Valho Nada e então versaram sobre romance de verão com Hoje Eu Quero Me Perder (“Eu curto te ver de biquíni saindo do mar/ Beijar sua pele salgada me faz lembrar/ De coisas boas"), enquanto caíam alguns pingos fracos de chuva.
Lagum, então, tocou a intolerante É Seu (“Chutar o vaso de porcelana do museu/ Gritar alto em cima da mesa/ Pra todo mundo ouvir que o problema/ Não é meu/ É seu”), e Calais se despediu do público, justificando que a banda optou por tocar mais e falar menos. E emendou Festa Jovem e Chegou de Manso.
A banda também tocou pela primeira vez ao vivo Olha Bela, cujo clipe saiu nesta sexta. Aliás, Calais aproveitou o momento para anunciar que a banda encerraria a atual turnê com o show no Planeta e daria uma pausa nas apresentações. Foi nesse momento que a chuva começou a apertar.
Na reta final, Lagum encaixou o mega sucesso Deixa, com os planetários cantando junto. A canção, que estourou na parceria com a cantora Ana Gabriela, versa sobre passar o tempo com a pessoa que se gosta, em uma preguiça boa (“Acorda, mas pode ser sem pressa/ Lá fora o dia começa cedo/ E nós não temos nada a perder/ E aqui dentro o tempo passa lento/ Eu nunca me arrependo de perder esse tempo com você”).
Por fim, o público ouviu a conveniente e otimista Detesto Despedidas, contando com versos como "Quero mais dias de sol" e "Sem problemas se chover", que possivelmente refletiam os pensamentos dos planetários naquele momento.