Seis projetos gaúchos foram selecionados pelo Edital Natura Musical em 2023. Neste ano, a plataforma vai patrocinar os eventos O Bronx e GFilms Rap Festival e trabalhos de Luiza Hellena e a Velha Guarda da Praiana, Paula Posada e 50 Tons de Pretas, além do espetáculo Ialodê.
Realizado desde 2005, o edital promove uma chamada anual para artistas, produtores e coletivos que tenham ideias contendo a música brasileira como eixo principal. Os projetos são submetidos a uma curadoria externa (composta por produtores, pesquisadores e artistas), que fazem a recomendação à Natura.
Entre as 2,5 mil propostas inscritas, o Natura Musical selecionou 30 projetos no total: 15 artistas, oito festivais e sete coletivos. O programa vai distribuir R$ 6 milhões em fomento, sendo R$ 2 milhões para projetos em âmbito nacional e de conexões com outros países, R$ 1 milhão para Minas Gerais, R$ 1 milhão para a Bahia, R$ 1 milhão para o Pará e R$ 1 milhão para o Rio Grande do Sul (via Lei Pró-Cultura).
Fernanda Paiva, head de cultural branding, destaca que o edital procurou, mais um vez, celebrar a riqueza da música brasileira, trabalhando com critérios como relevância artística e cultural dentro dessa diversidade. Para ela, os projetos selecionados representam pluralidade e frescor.
Conforme Fernanda, o edital tem permitido observar a força da música negra e originária do Rio Grande do Sul:
— É uma forma também de trazer visibilidade a essa musicalidade e à narrativa dos povos que também estão presentes na cultura do Estado.
A novidade deste ano fica por conta da categoria Música Brasileira na América Latina, destinada a artistas que pretendem expandir conexões com a cena cultural latino-americana. A cantora Brisa Flow, de São Paulo, foi contemplada na categoria e fará uma turnê com passagens por México, Chile e Bolívia.
— É uma forma de a gente expandir ainda mais a nossa música, levando as cenas e os artistas que tenham uma proximidade de linguagens e narrativas, promovendo uma conexão ainda mais forte com novas plateias — explica Fernanda.
A seguir, confira quais foram os projetos gaúchos contemplados no edital.
Luiza Hellena e Velha Guarda da Praiana
Aos 77 anos, Luiza Hellena é uma das mais referentes vozes negras da noite (e das rádios) de Porto Alegre. Ela se junta neste trabalho à Velha Guarda da Escola de Samba Praiana. O projeto intitulado Dona Luiza Hellena e a Velha Guarda da Praiana — Uma Voz, um Encontro prevê a gravação de um álbum, físico e digital, a gravação de um clipe para o lançamento e um show presencial e com transmissão online. As ações ocorrerão na capital gaúcha.
GFilms Rap Festival
Desde 2012, o evento costuma circular por diferentes bairros de Pelotas para oferecer serviços à comunidade, como oficinas e workshops. Nas cinco edições do festival, realizadas de forma independente, estima-se que tenham circulado em torno de cem grupos e artistas, considerando somente atrações locais, atingindo mais de 10 mil pessoas ao longo dos anos.
Festival O Bronx
Evento irá celebrar os sete anos de trajetória do Coletivo O Bronx, criado por Clara Soares & Rhuan Santos, em Porto Alegre. Com a finalidade de ampliar a representatividade negra e LGBT+ periférica, a festa se estabeleceu na noite alternativa da Capital. Por meio do festival, o coletivo pretende ampliar a sua produção cultural para a população, trazendo "uma grande estrutura para shows, DJs, performances em espaço público, além de workshops".
50 Tons de Pretas
Com um disco (Voa, de 2020) e um EP (Então Vem, 2021) na bagagem, o duo 50 Tons de Pretas irá preparar um novo disco neste ano, intitulado Tira o teu Racismo do Caminho. Formado por Dejeane Arruée (vocal, trombone) e Graziela Pires (vocal), o projeto promete trazer "muito groove, sonoridade brasileira e músicas de reflexão e denúncia, reafirmando esta característica da banda", como indica o material de divulgação.
Ialodê
Criado em 2020, o espetáculo reúne as cantoras Loma, Nina Fola, Marietti Fialho e Glau Barros. A ideia é levar aos palcos do interior um RS diferente daquele cantado pelo imaginário coletivo, rompendo com o estereótipo do Estado branco. O projeto carrega consigo instrumentos como o berimbau e o sopapo, contando no repertório com gêneros como samba, maçambique, pontos, reggae e swing — além de trabalhar com compositoras e compositores do RS, como Giba Giba, Pâmela Amaro, Gelson Oliveira, Pedro Cunha, entre outros.
Paula Posada
A DJ, violinista, cantora e produtora Paula Posada prepara seu primeiro álbum, intitulado Flecha Envenenada. Indígena em contexto urbano, gaúcha, filha de mãe paraense e pai colombiano, a artista prepara um trabalho de música eletrônica com inspiração em ritmos dos povos originários que habitam a região amazônica e caribenha.