A saudade foi tanta que, passado menos de um mês desde sua última vinda a Porto Alegre, Filipe Ret está de volta à Capital. O rapper encerrou o primeiro dia do festival Rap in Cena, em 15 de outubro, e volta neste sábado (5) para o show de lançamento de seu novo álbum, Lume, no Pepsi On Stage, a partir das 22h. A abertura fica por conta de 3030, Caio Luccas e DJ Saulit.
Lume, que chegou às plataformas em junho, é o trabalho mais maduro de Ret, que já havia lançado Numa Margem Distante (2009), seu álbum de estreia, a trilogia Vivaz (2012), Revel (2015) e Audaz (2018), discos que são interligados entre si, e o deluxe Imaterial (2021). O álbum traz 11 canções, sete delas em parceria com outros artistas, entre nomes estourados na cena, como Poze do Rodo, L7nnon, MC Cabelinho, Anitta, MC Maneirinho e MC Hariel, e outros que ainda batalham para conquistar o estrelato. Os cariocas Kayuá e Caio Luccas, por exemplo, Ret garante que estão no disco pelo talento, sem esse papo assistencialista de "ajudar quem está começando".
— É pela qualidade dos meninos. Não faço para dar moral, faço pelo talento deles — diz. — Quando comecei, quem fez isso por mim, fez porque viu minha qualidade. As pessoas apostam e fecham junto com aquilo que elas realmente consideram que é bom, e o Kayuá e o Caio Luccas são moleques diferenciados.
Nas temáticas, Lume cumpre aquelas que já viraram marca registrada do trap, vertente do rap que Ret representa: sexo, drogas e ostentação, celebrada como o grande troféu do favelado que conseguiu prosperar através da música e não do crime. Faz, ainda, uma crônica da realidade das favelas cariocas, passando por temas sensíveis como desigualdade social, preconceito e violência policial — afinal, "o rap ainda é dedo na ferida", como ele canta em Todo Poder.
Para Ret, essa mescla de narrativas "leves" e "pesadas" nas canções é um exemplo do que é o próprio trap, um subgênero do rap que surgiu para unir a tradicional denúncia com um pouco de curtição.
— O trap estourou porque relata a vivência das pessoas nas grandes e pequenas cidades. Acho que é a voz da juventude, pois mescla bem a questão do entretenimento e, ao mesmo tempo, de algumas necessidades que devem ser faladas para a sociedade — avalia o músico. — Lume representa a energia dos cria, a fé que tem dentro dos cria, daquele moleque que às vezes não tem uma perspectiva, mas ouve o rap e o rap traz uma direção para ele. Então, Lume, ao mesmo tempo em que é a luz do cria, é o disco que vai despertar ainda mais essa luz.
Já na sonoridade das canções, traz sobretudo elementos do rap e do funk brasileiros e algumas pitadas do R&B norte-americano. A intenção desde o início foi produzir um disco "quente, com faixas que batessem forte na pista", conforme Ret. Deu certo. Lume é um álbum dançante, com músicas perfeitas para se ouvir levantando o copo pro alto e, dada a sensualidade presente na maioria delas — Tudo Nosso, A Meu Favor e Good Vibe, para citar algumas —, quem sabe até pensando no que pode rolar depois do show. Afinal, não custa nada imaginar.
Mas real mesmo é o sucesso alcançado pelo disco desde o lançamento. Canções como 7Meiota, com os MC Cabelinho e MC Maneirinho, Konteiner, com L7nnon, Sonho dos Cria, com Poze do Rodo, Tudo Nosso, com Anitta, A Meu Favor, com Kayuá, Good Vibe, com Caio Luccas, e Vermelho Fogo figuram nas paradas musicais brasileiras desde a chegada do álbum às plataformas. A adesão do público a um grande número de faixas e a boa recepção também da crítica rendeu a Lume o título de Álbum do Ano no Prêmio Multishow.
O reconhecimento fez Ret voltar às origens. Lembrar de quando começou sua caminhada na música, competindo em batalhas de rima no Rio de Janeiro. Daquela época, ele diz que ainda leva consigo o mesmo desejo de crescer e ver seus pares crescendo.
— Nossos cachês ainda vão bater milhão, tenho muita fé e muita convicção disso. A cena do trap no Brasil ainda é um bebê, tá virando criancinha agora. A gente tem muito para crescer ainda — afirma Ret. — O que me trouxe até aqui acho que foi a seriedade de trampo mesmo, tá ligado? Levar a sério o trabalho, ter compromisso com o trampo e compromisso com a cena como um todo — diz o rapper, que, colhendo os frutos, está pronto para arrastar mais uma multidão de fãs em Porto Alegre, menos de um mês após a última apresentação.
Filipe Ret em Porto Alegre
- Sábado (5), às 22h, no Pepsi On Stage (Av. Severo Dullius, 1995)
- Ingressos inteiros a partir de R$ 130, com opção de desconto mediante doação de um quilo de alimento, à venda na plataforma Sympla
- Sócios do Clube do Assinante RBS têm 50% de desconto no valor do ingresso