Numa frequência que só eles sabem, Pitty e Nando Reis sobem ao palco do Auditório Araújo Vianna para apresentar o projeto PittyNando - As Suas, as Minhas e as Nossas. Os roqueiros vêm rodando o Brasil com a turnê conjunta desde junho, quando estrearam no festival João Rock, em Ribeirão Preto, São Paulo. Agora, desembarcam em Porto Alegre para duas noites do espetáculo fusionado: sábado (22), às 21h, e domingo (23), às 20h, data extra aberta após a alta procura do público gaúcho, de forma inédita na turnê até aqui.
O estopim do projeto se deu há cerca de dois anos. Foi quando Nando ficou encantado ao ver Pitty interpretar Relicário no Saia Justa, programa do GNT que ela apresentava, e convidou-a para gravar uma música ao seu lado. Nasceu Tiro no Coração, lançada em 2021. Entretanto, a baiana não ficou satisfeita. Contrariando a insularidade que marca a maior parte dos seus 25 anos de carreira, atravessados até aqui por muitos solos e pouquíssimas parcerias, Pitty propôs a Nando que os dois calçassem o All Star azul e pegassem juntos a estrada.
— A maior parte da minha carreira foi essa coisa da loba solitária, da compositora com o violão, o seu próprio diário — conta Pitty. — É meio que de onde eu vim, a gênese das minhas composições. Mas, de alguns anos para cá, eu comecei a sentir vontade, e as coisas foram acontecendo naturalmente. Tive algumas parcerias pontuais, mas no Matriz, meu disco mais recente (lançado em 2019), foi quando essa porta se abriu de um jeito como nunca tinha se aberto antes. E aí eu pensei: "Nossa, se fosse para fazer uma turnê com algum artista, eu acho que seria o Nando".
Nando, que sempre foi adepto das produções colaborativas, prontamente aceitou o convite. Já era um entusiasta da música de Pitty, como ele próprio conta, mas foi a partir da ideação da turnê que conheceu profundamente o trabalho da roqueira — que, no caso de PittyNando, envolve também as direções geral e artística, assinadas por ela, e a direção musical, de Pitty com Paulo Kishimoto.
— Eu já admirava a Pitty pela artista que ela é e pela obra dela. No entanto, era um conhecimento muito diferente da proximidade que se tem em um projeto desta natureza. No momento em que a gente começou a trabalhar juntos, eu mergulhei na obra dela com muito mais atenção, ouvi todos os discos cronologicamente, repetidamente. Pude ver que ela é uma artista muito meticulosa, eu diria que até rigorosa, e com um pensamento amplo em todos os aspectos que envolvem a turnê — diz Nando.
Pitty completa:
— O que eu curto fazer hoje não é só subir no palco e tocar. Gosto de ter uma coisa que envelope tudo, desde a cor do cenário até a roupa, pois acredito que tudo isso contribui para conseguir trazer as pessoas para dentro do universo que você quer criar. Então, desde o começo, procurei ter muito cuidado, fazer pesquisa, sempre trocando com o Nando para descobrirmos juntos onde era o lugar em que a gente se encontrava. O ponto de partida do conceito é esse: onde as nossas histórias e nossas obras se encontram.
Nesse sentido, o espetáculo é mesmo um encontro. As bandas dos dois artistas sobem juntas ao palco para tocar os maiores sucessos dos repertórios de ambos. Entram, pelo lado de Pitty, canções como Na Sua Estante, Equalize, Teto de Vidro, Admirável Chip Novo e Me Adora. Pelo de Nando, hits como Por Onde Andei, Relicário, All Star, O Segundo Sol e Luz dos Olhos. Todas as canções, porém, foram rearranjadas especialmente para o projeto. O desafio foi o seguinte: Pitty deveria tocar as músicas de Nando como se tivessem sido escritas por ela, e Nando também deveria dar a sua própria cara para as canções da baiana.
Como era de se esperar, canções suaves de Nando Reis ganharam ares de rock pauleira, enquanto as aceleradas de Pitty foram freadas pela musicalidade mais tranquila do ex-Titãs. Muitas delas, além dos novos arranjos, ainda foram unidas por recursos de mashup e sample, transformando-se quase em músicas novas. E por falar nisso, a cota de inéditas no repertório ficou por conta de PittyNando, canção criada para a turnê homônima, responsável por dar ao público um aviso sonoro do que todos estão prestes a presenciar.
"PittyNando na praça dispara o coração", avisa o refrão da música que marca a abertura deste show que não é de Pitty nem de Nando, e tampouco de Pitty e Nando. Uma terceira coisa, diferente. É PittyNando, fusão perfeita do que são os dois artistas, vistos agora um pelo olhar do outro.
— O show não seria possível se não fossem as grandes canções do Nando e as coisas incríveis que ele fez. Por exemplo, pegar Na Sua Estante e transformar em uma música dele. Ele fez um arranjo que é sensacional, que emociona todo mundo no show. Essa troca, de ele me mostrar as minhas músicas de um outro jeito e eu as músicas dele, tem sido um bálsamo — afirma Pitty.
— Para mim, idêntico — completa Nando. — Quem já viu um show meu vai ver as minhas músicas de outra forma. O mesmo acontecerá com quem já foi a um show da Pitty. Até a nossa movimentação no palco surpreende as pessoas. Todo mundo está acostumado a me ver tocando violão e, nesse show, eu toco muito pouco violão, por exemplo. É uma movimentação completamente diferente, uma outra atuação da minha parte.
A experiência coletiva é tão especial para eles que deu origem até a um novo "verbo": "pittynar", de gerúndio "pittynando". É um vocábulo que, segundo Nando, pertence ao campo do hedonismo, das sensações, do prazer e da liberdade. E o que ele espera é ver todo mundo pittynando nas noites de sábado e domingo em Porto Alegre.
— "Pittynar" é aquilo que propomos para as pessoas, aquilo que o show oferece para a plateia. E o show tem sido muito prazeroso, catártico. Sério, não é exagero. As pessoas chegam a ficar de cara (risos). Meus filhos ficaram de cara, completamente surpresos, empolgados. É uma coisa única, um encontro luminoso, radiante, surpreendente e inesquecível. É um show imperdível. Ponha isso na matéria: "Nando Reis disse que esse show é imperdível" (risos) — diverte-se o músico.
Atendendo ao pedido: Nando Reis disse que esse show é imperdível. Quem for verá.
PittyNando
- Neste sábado (22), às 21h, e no domingo (23), às 20h, no Auditório Araújo Vianna (Av. Osvaldo Aranha, 685), em Porto Alegre
- Ingressos inteiros a partir de R$ 290, no sábado, e a partir de R$ 145 no domingo. Disponíveis para compra na plataforma Sympla.
- Sócios do Clube do Assinante têm 50% de desconto sobre o valor do ingresso inteiro.