A madrugada deste sábado (10) nunca mais será esquecida pela gaúcha Natália Blankenheim. Isto porque ela, tal qual uma rockstar, apresentou-se para 100 mil pessoas e, ainda, teve a sua performance exibida em rede nacional. Ela foi escolhida para subir ao palco do Rock in Rio para cantar e tocar guitarra com a banda norte-americana Green Day durante a execução da música Knowledge — e ainda ganhou o instrumento musical.
— Eu nunca tive banda. O Green Day foi a minha primeira — conta a ainda eufórica Natália, que é moradora de Canela e trabalha como fotógrafa e designer gráfica.
De acordo com a fã — e que fez parte da banda durante uns minutinhos —, ela foi chamada ao palco após conseguir ficar na grade de proteção do palco e levantar um cartaz com os dizeres "por favor, me deixa tocar Knowledge. Eu sei as três notas" — que virou um bordão da banda, pela suposta facilidade de tocar os acordes. E ganhando uma forcinha da amiga Clau Galvão, que ergueu Natália, ela foi vista e escolhida por Billie Joe, vocalista do grupo.
— Embora na minha cabeça nada seja impossível, eu sou uma pessoa que gosta de sonhar muito alto, realmente imaginei que não ia ter chance nenhuma, porque tinha muita gente também que estava lá, que estava disputando por essa experiência. Quando ele apontou para mim e eu vi que era para mim, que era comigo ele estava falando, embora eu estivesse muito calma, por dentro eu estava em pânico. Foi um surto total — relembra Natália.
A gaúcha conta que chegou na sexta-feira (9) às 10h, para aguardar junto ao Palco Mundo pela apresentação do Green Day, que seria à 0h10min de sábado. E tudo isso com apenas duas horas de sono, pois estava na noite anterior do evento. Foi uma longa espera e, por isso, estava "completamente destruída" para subir ao palco, inclusive, com mal-estar provocado por pressão baixa — ela chegou a ser ajudada por um segurança do evento. Mas tudo foi soterrado pela alegria de ser escolhida para tocar com os ídolos.
— Eu já vi gente reclamando que toquei tudo errado, que eles não deveriam ter me chamado pra tocar com eles. Mas é completamente diferente de tocar guitarra sozinha, em casa, por prazer. Eu estava muito nervosa e quando cheguei lá em cima, com toda aquela gente, eu tipo esqueci tudo que eu tinha para fazer, desaprendi a tocar guitarra, a falar, a andar. Eu estava me concentrando para respirar e não morrer lá em cima. Então, passou tudo muito rápido e, ao mesmo tempo, foi maravilhoso — relata.
Natália recorda que cresceu ouvindo Green Day e não se recorda, exatamente, quando começou a ser fã do grupo. Na sua visão, sempre foi. E antes de ir ao encontro da banda no Rock in Rio, ela já havia visto uma apresentação dos músicos em Porto Alegre, no estádio Beira-Rio, em 2017, mas, daquela vez, ficou distante do palco.
— Nada vai me tirar essa experiência, vai ficar para sempre na minha cabeça. Nossa, eu toquei mesmo, seja mal ou bem, eu toquei pra 100 mil pessoas em cima do palco do Rock in Rio. Isso é muito louco, mágico — reforça.
E ela pretende seguir indo em todos os shows do Green Day que puder, mas não vai mais pedir para subir ao palco e tocar Knowledge — que é uma tradição da banda:
— Gostaria que outras pessoas tivessem essa experiência também. Acho que seria muito egoísta da minha parte roubar de novo o lugar de alguém, né? Então, da próxima vez, espero que vá outra pessoa. Mas, provavelmente, eu vou levar algum cartazinho para avisar: "Oi, lembra de mim?" — brinca Natália, que retorna para o Rio Grande do Sul na segunda-feira (12), carregando a sua guitarra nova e uma história que ela jamais vai esquecer.