A Blitz vem a Porto Alegre neste sábado (4) para armar seu circo pop e celebrar 40 anos de carreira. No show, que será realizado no Auditório Araújo Vianna, a partir das 21h, a banda carioca deve levar ao palco a fórmula pela qual se notabiliza há quatro décadas: rock alegre e performático, bom humor e teatralidade.
Em sua atual formação, o grupo conta com Evandro Mesquita (vocal, guitarra e violão), Billy Forghieri (teclado), Juba (bateria), Rogério Meanda (guitarra), Cláudia Niemeyer (baixo) e Andréa Coutinho e Nicole Cyrne nos backing vocals. No show, a banda apresenta seus clássicos oitentistas para o público cantar junto — Você Não Soube Me Amar, Mais Uma de Amor (Geme Geme), Weekend, A Dois Passos do Paraíso, entre outros —, além de faixas lançadas nos últimos anos.
— Vamos revisitar tudo o que a gente fez, além de mostrar o que andamos produzindo. Em 2017, fomos indicados ao Grammy Latino (Melhor Álbum de Rock ou Música Alternativa em Língua Portuguesa pelo disco Aventuras II), então a banda segue criando. Blitz está viva, e queremos mostrar isso no show para o pessoal do Sul — destaca Mesquita.
Há quarenta anos, a perspectiva para o futuro da banda não era ambiciosa. O vocalista, que também é ator (vide o querido Paulão da Regulagem, em A Grande Família), integrava o grupo de teatro Asdrúbal Trouxe o Trombone — ao lado de nomes como Regina Casé e Luiz Fernando Guimarães. Entre ensaios da companhia e rodinhas de violão na praia e festas, Mesquita e Ricardo Barreto (ex-guitarrista do grupo) começaram a formar o projeto da Blitz.
Aos poucos, novos nomes se juntaram ao projeto — naquele começo, a banda chegou a contar com Fernanda Abreu no backing vocal e Lobão na bateria. Após chamar a atenção em seus shows no Circo Voador, no Rio, a Blitz assinou com a gravadora EMI-Odeon. Afinal, era algo singular no cenário musical do país: um rock leve e dançante que trabalhava com letras divertidas e dialogadas, trazendo uma performance teatral ao palco. Mesquita frisa que a banda falava também de coisas sérias, mas não de maneira panfletária ou óbvia.
Não deu outra: a banda explodiu após lançar seu primeiro compacto, Você Não Soube Me Amar, em 1982. Na sequência, veio o estrondoso primeiro álbum, As Aventuras da Blitz, e quatro décadas de estrada. Aliás, estrada essa que se mostrou mais longa do que se imaginava, pois o objetivo do grupo lá no começo era montar uma banda apenas para agradar a galera da praia.
— Ainda bem que falhei nesse objetivo (risos). Era uma banda do underground, de amigos, e a gente só queria agradar essas pessoas. Mas a Blitz se expandiu e espalhou. Até recebíamos algumas críticas dizendo que seríamos banda de uma música só. De um verão só. Esse verão está durando até hoje — diz Mesquita.
O sucesso de As Aventuras da Blitz serviu também para impulsionar o emergente rock brasileiro dos anos 1980, que ficaria conhecido como BRock. A partir desse estouro, o caminho estava pavimentado para Legião Urbana, Kid Abelha, Os Paralamas do Sucesso etc.
— Foi fundamental esse sucesso da Blitz para fazer as gravadoras terem mais atenção para essas bandas de garagem de sotaques diferentes do Brasil. O Barão Vermelho tinha até gravado antes, assim como outros grupos, mas nenhum havia estourado como a Blitz. Foi um momento super fértil de bandas, mas que entraram por uma porta que foi arrombada pelo nosso sucesso no primeiro disco — analisa o vocalista.
Quatro décadas depois, a Blitz segue produtiva. Tanto que na pandemia trabalhou em quatro discos. Um desses álbuns está sendo chamado de Blitz Hits, que pretende revisitar sucessos da banda e atualizá-los com as tecnologias de hoje — também servirá para o grupo ser dono dos fonogramas. Haverá um disco focado em faixas menos exploradas da banda chamado provisoriamente de Lado Blitz.
Outro trabalho dessa fornada pandêmica foi apelidado de Blitz no dos Outros, que trará versões de compositores consagrados com a roupagem da banda, como Erasmo Carlos, Gilberto Gil, Paulo Diniz, Belchior, entre outros. Por fim, também está nos planos um disco de inéditas, previsto para sair no segundo semestre junto com o de regravações de clássicos do grupo.
— Entramos em estúdio e produzimos esse material enorme. Na pandemia, isso salvou a gente. A arte salva, a música salva — diz Mesquita. — Eu tenho o maior prazer em ter uma banda, em dividir as ideias, em tentar somar. Ir atrás de um objetivo sonoro e artístico. A gente está seguindo o barco.
BLITZ
- Sábado (4), a partir das 21h, no Auditório Araújo Vianna (Av. Osvaldo Aranha, 685)
- Abertura da casa: 19h
- Classificação: livre
- Ingressos: De R$ 70 a R$ 340. Desconto de 50% para sócio do Clube do Assinante RBS e acompanhante.
- Ponto de venda (com taxa de conveniência): pelo site da Sympla.
- Pontos de venda (sem taxa de conveniência — somente em dinheiro): Loja Planeta Surf do Bourbon Wallig (Av. Assis Brasil, 2.611 — Loja 249)