Nesta quinta-feira (19), a partir das 21h, o Teatro do Bourbon Country, em Porto Alegre, será palco do reencontro entre Yamandu Costa e os fãs dos acordes quase sobrenaturais que saem de seu violão de sete cordas. O artista passo-fundense, que atualmente mora em Portugal, volta ao seu Estado depois de mais de dois anos desde a sua última apresentação em solo gaúcho, no começo de 2020.
— É uma responsabilidade grande você tocar na sua terra. Eu viajo pelo mundo inteiro tocando, levando o meu violão, minha música, mas voltar a Porto Alegre é voltar a se provar, a se colocar em teste sobre a tua própria verdade — destaca o músico.
Além desta apresentação na Capital, Yamandu ainda fará, na sexta-feira (20), um show em Novo Hamburgo, no Teatro Feevale, também a partir das 21h. E ele aponta que, depois de todo o período de pandemia, em que o mundo viveu momentos de incertezas, reencontrar amigos queridos e memórias de sua vida e de sua trajetória musical é motivo de muita emoção.
— Tanta coisa mudou nestes últimos anos, que voltar a Porto Alegre está sendo motivo de muito orgulho, de uma real felicidade — reforça.
E para quem já garantiu o seu ingresso para uma das duas apresentações em solo gaúcho — ou para as duas, dependendo do nível de saudade —, o ilustre violonista promete uma série de composições novas que foram apresentadas em uma turnê pelos Estados Unidos que ele realizou no mês passado.
Este repertório foi criado por Yamandu durante o período da pandemia. Foi ali, durante a adversidade e a incerteza, que o artista decidiu valorizar o período em que pôde estar mais próximo de sua família e também fez da parada obrigatória uma oportunidade de criar novos sons:
— A única coisa que se pôde fazer foi se adaptar. Eu tentei ser positivo e produzir o máximo possível, aproveitar o convívio com a minha família, que eu nunca tive antes dessa parada total. Então, para mim, foi um momento muito interessante de produção e de convívio familiar.
Grammy na estante
De uma homenagem ao violão brasileiro durante o festival Rio Montreux Jazz Festival, em outubro de 2020, ao lado de Toquinho, saiu o álbum Toquinho e Yamandu Costa – Bachianinha. O passo-fundense, à época do anúncio de que a apresentação seria lançada em áudio, disse ao Estadão que "não há pretensão alguma em fazer sucesso com isso". Pois fez.
O trabalho, fruto de uma apresentação que contou com apenas dois ensaios, foi agraciado com o prêmio de melhor álbum instrumental no Grammy Latino 2021. O anúncio ocorreu em cerimônia realizada em novembro do ano passado na MGM Grand Garden Arena, em Las Vegas, nos Estados Unidos.
— Na semana passada, chegou para mim o troféu do Grammy. Eu fico muito feliz de alguma maneira homenagear o violão brasileiro e poder estar junto com o Toquinho, que é uma referência que nós temos no Brasil de música, um sujeito muito agradável, muito querido — conta Yamandu, que reforça que o fato de ganhar o prêmio não alterou o seu modo de atuar como artista.
Tanto é que ele garante que, entre os seus muitos projetos para o futuro, o principal deles é continuar produzindo um repertório relevante e poder levar a música brasileira e latino-americana pelo mundo, "da forma mais verdadeira e sentimental possível".
— E continuar vivo, primeiramente, para conseguir realizar tudo isso — pontua.
De Portugal a Passo Fundo
Yamandu Costa, que vivia no Rio de Janeiro há 20 anos, decidiu, em 2019, que iria de mala e cuia para Portugal. A decisão se deu, entre outras razões, pelo conturbado cenário político brasileiro e pela proximidade geográfica com os demais países da Europa, o que seria um facilitador para a sua carreira, cada vez mais internacional. Porém, três meses após chegar em terras lusitanas, veio a pandemia. E mesmo com o isolamento chegando quase junto com a família, a experiência, segundo o músico, está sendo muito positiva.
— Está sendo maravilhoso. Nunca me imaginei morando fora do meu país, mas Portugal é muito simples, muito pequenino e está me dando a oportunidade de criar os meus filhos em um ambiente mais seguro, mais tranquilo. E, para a minha carreira profissional, principalmente, é muito positivo. Fica tudo mais simples de realizar — conta.
E já que o cidadão ilustre de Passo Fundo decidiu morar do outro lado do oceano, a prefeitura de sua cidade-natal arranjou um jeito de deixar o seu filho violonista de sucesso mais perto de seu povo. Assim, foi criada, em forma de homenagem, a Escola Pública de Música Yamandu Costa, que tem como objetivo de levar o poder transformador da música para crianças da rede pública de ensino do município e arredores.
A iniciativa levará para quatro escolas, uma em cada quadrante da cidade, aulas de música. As crianças que tiverem mais aptidão para a arte serão levadas para a sede do projeto, no Parque da Gare, para um trabalho mais específico e aprofundado. E o artista pretende, até o fim do ano, ir até Passo Fundo para fazer parte da inauguração da instituição de ensino, dar um abraço em seus conterrâneos e ajudar "de todas as formas possíveis" o projeto.
— De alguma maneira, isso é uma homenagem à memória do meu pai (Algacir Costa), que foi um educador nato e formou muita gente nessa região de Passo Fundo. Grandes músicos e pessoas que foram transformadas pela educação musical dele. Então, poder fazer parte em vida deste projeto é um reencontro com a memória maravilhosa, educadora e musical do meu pai — diz Yamandu.
Yamandu em Porto Alegre
- Nesta quinta (19), às 21h, no Teatro do Bourbon Country (Av. Túlio de Rose, 80). Abertura da casa: 20h.
- Ingressos: pelo site uhuu.com ou na bilheteria do Teatro do Bourbon Country, das 13h às 21h.
Yamandu em Novo Hamburgo
- Nesta sexta (20), às 21h, no Teatro Feevale (Universidade Feevale, RS-239, 2755 - Campus II). Abertura da casa: 20h.
- Ingressos: pelo site da Blueticket ou na bilheteria do Teatro Feevale, até sexta-feira, das 13h às 17h.