Homenageando seu amigo Milton Nascimento, Gal Costa está de volta a Porto Alegre. Nesta quinta-feira (2), a partir das 21h, a cantora sobe ao palco do Salão de Atos da PUCRS com show da turnê As Várias Pontas de uma Estrela — nome de música de Milton e Caetano Veloso.
O espetáculo é dirigido por Marcus Preto, que vem trabalhando com a artista na produção de álbuns e espetáculos desde os anos 2010. Acompanhada de Fábio Sá (baixo elétrico e acústico), André Lima (teclados) e Victor Cabral (bateria e percussão), Gal interpreta canções de Bituca, de quem ela já gravou mais de 10 músicas, e outros compositores da MPB. Temas clássicos de Milton entram no repertório do show: a história de inúmeras mulheres contada na vibrante Maria, Maria (dele e Fernando Brant); a oposição à ditadura de Fé Cega, Faca Amolada (com Ronaldo Bastos); e o hino de amor Paula e Bebeto (com Caetano).
Gal relata que a obra de Milton a emociona desde a primeira vez que ouviu, ainda nos tempos dos festivais, nos anos 1960, quando os dois estavam em começo de carreira. Para ela, Milton tem uma voz deslumbrante e sempre foi o maior cantor de suas próprias canções.
— Ele é um gênio, compôs canções lindas para eu gravar. Também regravei coisas dele no decorrer da minha carreira e certamente vou seguir mergulhando nesse repertório lindíssimo por muitos anos — elogia Gal. — Bituca é impressionante em todos os sentidos. Me sinto muito feliz de poder ter convivido com ele, cantando suas músicas. Suas letras, suas melodias, impossível destacar só uma coisa.
Como o próprio nome da turnê sugere, o show traz “várias pontas de uma estrela”. O espetáculo também prevê músicas de nomes como Chico Buarque, Caetano Veloso, Dorival Caymmi e Tom Jobim, além de lados B da discografia de Gal.
Segundo a cantora, trata-se de um show sobre a voz, em que muitos aspectos foram pensados para construir o repertório.
— Estamos falando de Milton Nascimento, que tem uma voz deslumbrante, mas também estamos falando da minha voz. Além disso, tem a voz do Brasil, do público que canta comigo os hits que gravei nos anos 1980 e que são apresentados mais para o fim do show — explica.
Retorno
Aos 76 anos, completados em setembro, Gal retomou a agenda de shows em outubro. Para a artista, o palco sempre foi um lugar que lhe trouxe serenidade. A saudade era enorme.
— Tem sido maravilhoso estar de volta. Estar na presença do público, com a energia das pessoas, é incomparável e muito importante para mim — sublinha.
Ao longo da pandemia, foi difícil para a cantora ficar em casa. Gal é caseira, mas não ao ponto de se isolar e se afastar das pessoas. A obrigação de ficar de quarentena foi um golpe. Seu único respiro no período foi o momento em que foi ao estúdio gravar o disco Nenhuma Dor. Lançado em fevereiro deste ano, o álbum traz a cantora interpretando clássicos de seu repertório em duetos com vozes masculinas — como Baby, Coração Vagabundo e Meu Bem, Meu Mal. Ela canta com os brasileiros Rubel, Tim Bernardes, Zeca Veloso, Zé Ibarra, Silva, Seu Jorge, Rodrigo Amarante, Criolo, com o uruguaio Jorge Drexler e o português António Zambujo.
Após quase dois anos longe do contato com o público, Gal tem retomado os shows e enxerga com esperança o futuro. Contudo, ela realça as situações angustiantes vividas pelo país durante a pandemia, culpa que atribui ao governo federal.
— Estamos vivendo um governo que tem propostas erradas para todos os setores. Ele é contra a ciência, a cultura, a educação. E não percebe o quanto as propostas erradas para cada uma dessas áreas afetam a vida de todo mundo. É um sentimento de apreensão, de incertezas, de angústia. Acho que houve uma pequena mudança de pensamento com muitas pessoas durante esse período, mas não toda a humanidade — reflete. — Mas, apesar de tudo isso, eu tenho esperança de que dias melhores virão. A esperança move a humanidade, e a gente não pode desistir.
Questionada sobre seus projetos para 2022, Gal é categórica: quer fazer muitos shows.
— A música é muito importante para mim porque me dá equilíbrio. Eu quero cantar —finaliza.
- GAL COSTA apresenta o show As Várias Pontas de uma Estrela no Salão de Atos da PUCRS (Av. Ipiranga, 6.681). Ingressos a R$ 170 (mezanino) e R$ 250 (plateia) via guicheweb.com.br, com taxas. Nesta quinta-feira (2), às 21h.