Um show sem setlist fixo, com playlist baseada no calor da hora. É assim que Armandinho pretende retornar oficialmente aos palcos, para se reencontrar e renascer no contato com o público após ter realizado lives e um show drive-in durante o período mais duro da pandemia. Em compromisso marcado tanto com seus fãs quanto consigo mesmo, a apresentação única será neste sábado, às 21h, no Auditório Araújo Vianna.
Aos 52 anos, Armandinho conta ainda se sentir um menino, com muita música para tocar. Criador de hits como Semente, Toca Uma Regueira Aí e Desenho de Deus, o artista tem cinco álbuns de estúdio lançados ao longo de seus 18 anos de carreira. Sua missão, avalia, é de reger o romance de vários casais – ao mesmo tempo em que esse reencontro, após dois anos de pandemia, integrará parte de um processo transformador.
– Quando a gente se reencontra com um público que te conhece tão bem, é como um reencontro com a gente. E disso vem uma reconexão para um novo Armandinho. Estou muito afim de sentir o carinho e o calor do público porque os tempos mudam, esse momento é importante para formular meu novo trabalho – afirma o gaúcho.
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O cantor está preparando um disco de inéditas, que deve ser lançado no ano que vem. Seus fãs podem esperar um Armandinho um pouco diferente, com uma nova visão de mundo após o distanciamento social. Livre do compromisso de compor músicas que se tornem hits, agora ele pode trabalhar em canções com outras mensagens.
– Sou um cara mais engajado politicamente. Nunca dei muita bola para política, mas na pandemia acabei me rendendo e acho que um homem só faz mudanças através das ideias e da política.
Fiquei com a mente mais aberta para questões de machismo, de segregação racial. Antes me importava, mas passei a realmente entender como as coisas funcionam para poder agir diferente – reflete ele sobre seu “novo eu”.
Todas essas mudanças, contudo, não vieram de maneira fácil. Nos últimos dois anos, o cantor fez alguns desabafos em sua conta pessoal do Instagram. Em um deles, relatou que seus funcionários mandavam fotos da geladeira vazia, criticando quem não cumpria o distanciamento social. Questionado sobre o assunto, ele contou que ver pessoas próximas e que ele considerava engajadas desrespeitando as medidas sanitárias de prevenção contra a covid-19 causou angústia e desencantamento. Quanto a sua equipe, ajudou financeiramente quem pôde, tendo feito inclusive algumas lives para levantar fundos.
Mas não foi só isso que abalou Armandinho. Considerado good vibes, ele conta que colocar boas vibrações para fora e ver isso retornando do público é um remédio natural para si. Nos bastidores de sua vida pessoal, o cantor é acompanhado por um psiquiatra desde 1996 e eventualmente enfrenta problemas por conta de depressão e bipolaridade.
– Mesmo tomando medicação, tem momentos em que acabo tendo crises, não quero sair de casa, paro de surfar. E o incrível é que, todas essas vezes, a única coisa que não perdi a vontade foi de tocar e de cantar. A música e o carinho do público talvez sejam mais importantes para mim do que sou para eles – declara.
Ansioso para buscar os olhos do público na plateia, Armandinho sobe ao palco do Araújo sem medo de encarar o mundo que correu ao longo dos dois anos. Mesmo com todas as dificuldades, agradece pelo fato de ter, novamente, a oportunidade de tocar e por ter amigos e família ao seu lado. Em recado geral, o cantor finaliza pedindo que as pessoas tenham mais compaixão – afinal, o simples fato de estar vivo já vale a pena.