O artista nativista Miguel Bicca morreu nesta quarta-feira (21), aos 80 anos. Cantor, compositor e poeta, ele estava internado em São Borja para o tratamento de um câncer de pulmão.
Natural de Cachoeira do Sul, Miguel Antônio Bicca se mudou aos 18 anos para São Borja, onde foi um dos fundadores do Festival da Barranca. Também foi membro do Grupo Amador de Arte Os Angüeras, ao lado de Apparício Silva Rillo, Carlos Crispim Moreno, Antônio Carlos Lara de Souza, Ernando Garcia Coelho e o irmão José Lewis Bicca.
Autor de canções como Guassupiano, Costeiro, Cantiga de Rio e Remo e João Campeiro, Bicca também teve uma longa carreira solo e participou de diversos festivais nativistas, incluindo a Tertúlia e o Sinuelo da Canção. Suas composições abordam, principalmente, a temática do Rio Uruguai e a vida no campo.
Além da música, Bicca editou o livro Estradeando, em 1979, que traz poemas e contos escritos por ele. Nos últimos meses, amigos e familiares relançaram a obra, vendendo exemplares como forma de ajudar a custear o tratamento do artista.
Em postagem nas redes sociais, a prefeitura de São Borja lamentou a morte do artista, afirmando que ele "deixa em seu legado, a representatividade da música e da cultura gaúcha, que certamente será preservada por seus familiares, amigos, conhecidos, companheiros de palco e admiradores".
Já o músico e colunista de GZH César Oliveira descreveu Bicca como "um dos seres mais dedicados à propagação da nossa cultura com todos os valores e princípios que ela carrega". "Protagonista de sua própria história, Miguel Antônio Bicca, natural de Cachoeira do Sul e criado em São Borja, adorava cantar o campo e o Rio Uruguai exaltando e retratando a lida do povo gaúcho. Miguel Bicca, autor da obra 'Então Vai Ser do Seu Jeito', onde retratava justamente esse momento da passagem da vida terrena do homem para junto ao Patrão Celestial. Fique em paz, meu irmão", escreveu o artista.