Correção: Telmo de Lima Freitas deixa sete netos e seis bisnetos, e não quatro netos e uma bisneta como publicado entre 18h35min e 22h15min desta quinta-feira (18). O texto foi corrigido.
O cantor e compositor Telmo de Lima Freitas, 88 anos, morreu na tarde desta quinta-feira (18), em Cachoeirinha. Ele deixa os filhos Ione, Ana Elisa, Leonardo (Kiko) e Lúcio, além de sete netos e seis bisnetos. De acordo com a família, a causa da morte será investigada. O prefeito de Cachoeirinha, Miki Breier, vai decretar luto oficial de três dias na cidade.
O velório de Telmo de Lima Freitas acontecerá a partir das 8h desta sexta na capela master do cemitério Rainha da Paz, em Cachoeirinha, e a cremação está marcada para as 15h.
Nascido em São Borja, Telmo é um dos mais representativos nomes da música gaúcha, sendo autor de sucessos como Cantiga de Ronda e Baile de Rancho. Com o título Esquilador, ele venceu a Calhandra de Ouro, maior prêmio da 9ª Califórnia da Canção Nativa, em 1979. Também ganhou, em 2009, o prêmio de melhor compositor e melhor CD regional no Prêmio Açorianos com o trabalho A Mesma Fuça.
Admirador do trabalho de Paixão Côrtes e Barbosa Lessa por terem cunhado o tradicionalismo, Telmo lamentou em 2013 os rumos do movimento. Para ele, parte da geração que deveria praticar as tradições perdeu interesse pela cultura gaúcha.
— Hoje, a gurizada está muito preocupada com a música, mas não conhece as coisas do campo. Tem gente que gosta de Esquilador e não sabe o que é descascarrear (remover os excrementos que ficam aderidos à lã da ovelha antes da tosa). Ninguém pode gostar daquilo que não conhece — queixou-se, à época.
O artista também foi conselheiro honorário do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), e patrono da Semana Farroupilha em 2009. Nas redes sociais, a presidente do MTG, Gilda Galeazzi, manifestou "seus sentimentos aos familiares, amigos e fãs".
Em entrevista à Rádio Gaúcha, o compositor e amigo de Telmo, Luiz Carlos Borges, aponta que o músico será lembrando não somente por sua obra, mas também por sua personalidade aberta e seu modo de falar incisivo, que trazia segurança e esperança para quem conversava com ele.
— Eu tenho a agradecer a Deus a sorte de ter tido o caminho aberto para me encontrar com o Telmo. E de ele ter dedicado um carinho especial para mim, algo que eu sei que ele fez com muita gente porque ele era assim, coração grande, aberto — diz. — Ao se despedir de um amigo, um irmão como Telmo abre um rombo no coração da gente, mas deixa algo tão grande na volta, que aos poucos o próprio tempo vai se encarregando de substituir qualquer tipo de mágoa, de tristeza, de dor com a perda em algo bom, por algo saudável apenas do ponto de vista em que a amizade prevalece em tudo — acrescenta.
Borges também destaca que o compositor não tentava ser um artista ao lado dos amigos, mostrando-se uma pessoa simples. Relembrou, inclusive, que o disco Jagueretês — em que o gaitero interpreta músicas de Telmo — nasceu de uma provocação em um churrasco. Ao pedir permissão a Telmo para colocar a canção Piragueiros em seu repertório, o compositor acabou dando outra ideia:
— "Mas por que tu não grava em vez de só colocar no repertório?". Eu falei: "É uma boa, de repente eu gravo". Aí ele pegou, cravou o espeto na volta do fogo, voltou com a faca na mão e falou assim: "Tu podia fazer um disco com as minhas canções". E eu brinquei com ele assim: "Mas não diga besteira para louco que eu saio grudado já nessa proposta". Foi tão natural, tão lindo isso.