Pouco mais de um ano após comprar a Big Machine, gravadora dona dos direitos dos seis primeiros discos de Taylor Swift, o empresário Scooter Braun vendeu o material da cantora para um fundo de investimentos privado cujo dono é desconhecido. O negócio foi fechado nas últimas duas semanas por cerca de US$ 300 milhões (mais de R$ 1,5 bilhão), segundo a revista Variety.
No início de sua carreira, Taylor havia assinado com a Big Machine, mas rompeu o contrato em 2018 quando desejou que seus próximos lançamentos fossem gerenciados pela Universal Music. Em junho de 2019, no entanto, Braun adquiriu os direitos da Big Machine, o que gerou indignação em Taylor. Ela revelou ter sofrido bullying do empresário no passado.
Após a divulgação da notícia da venda, a cantora publicou uma carta dizendo que seu time tentava negociar com Braun. Ela conta que esta foi a segunda vez que suas produções foram vendidas sem seu conhecimento prévio, agora para a companhia Shamrock Holding.
"A carta me dizia que eles (Shamrock) queriam me contatar antes da venda para que eu soubesse, mas que Scooter Braun tinha requisitado que eles não tentassem nenhum contato comigo ou com meu time, ou o acordo estaria cancelado", escreveu Taylor, em um trecho.
Apesar do impasse, Taylor informou que já começou a regravar canções antigas. Segundo a Variety, cláusulas específicas liberariam a artista a fazer releituras de suas próprias faixas após o término do ciclo de um novo álbum.
Em sua publicação, Taylor também incluiu uma carta que enviou para a Shamrock Holdings, na qual rejeita as negociações e afirma que planejava entrar em um acordo com a empresa, mas descobriu que Scooter Braun seguiria lucrando. "Por isso fiquei tão desapontada. (...) Se eu apoiá-los, como vocês pediram, eu vou estar contribuindo para os futuros pagamentos de Scooter Braun e a Ithaca Holdings (empresa do executivo). Eu simplesmente não posso, em são consciência, me envolver em benefício dos interesses dele, direta ou indiretamente. É lamentável saber que eu não vou ter a possibilidade de ajudar a evoluir o futuro desse trabalho, e me dói profundamente permanecer separada da música que eu passei mais de uma década criando. Mas é um sacrifício que eu vou ter que fazer para manter Scooter longe da minha vida", afirmou a artista.
Depois da manifestação de Taylor, a Shamrock também emitiu um comunicado. "Taylor Swift é uma artista transcendente de um catálogo atemporal. Fizemos esse investimento porque acreditamos no imenso valor e na oportunidade que vem com seu trabalho. Respeitamos e apoiamos totalmente sua decisão, e, embora esperássemos uma parceria formal, também sabíamos que esse era um resultado possível. Agradecemos a comunicação aberta e o profissionalismo de Taylor conosco nas últimas semanas. Esperamos fazer parceria com ela de novas maneiras no futuro, e permanecer comprometidos em investir com artistas em seus trabalhos".
Veja o comunicado de Taylor Swift na íntegra:
"Eu precisava vir aqui e atualizar vocês. Como vocês sabem, durante o ano passado, tenho tentado ativamente recuperar a propriedade das minhas gravações. Com esse objetivo em mente, minha equipe tentou entrar em negociações com Scooter Braun.
A equipe do Scooter queria que eu assinasse um documento de segurança afirmando que eu nunca mais diria uma palavra sobre Scooter Braun a menos que fosse positivo, antes mesmo de podermos ver os registros financeiros da BMLG (que é sempre o primeiro passo em uma compra dessa natureza). Então, eu teria que assinar um documento que me silenciaria para sempre antes mesmo que eu pudesse ter a chance de licitar meu próprio trabalho. Minha equipe jurídica disse que isso é absolutamente anormal. E eles nunca viram um documento como este apresentado, a menos que fosse pra silenciar um acusador de agressão, pagando-o. Ele nunca sequer citou para minha equipe um valor. Essas gravações não estavam à venda pra mim.
Algumas semanas atrás, minha equipe recebeu uma carta de uma empresa de capital privado chamada Shamrock Holdings, informando-nos que eles haviam comprado 100% de minhas músicas, e e arte de álbum de Scooter Braun. Essa foi a segunda vez que minha música foi vendida sem meu conhecimento. A carta dizia que eles queriam entrar em contato antes da venda para me avisar, mas que Scooter Braun havia exigido que eles não fizessem contato comigo ou com minha equipe, ou o negócio seria cancelado.
Assim que começamos a nos comunicar com Shamrock, soube que Scooter Braun continuará lucrando com meu antigo catálogo musical por muitos anos. Eu estava esperançosa e aberta à possibilidade de uma parceria com Shamrock, mas a participação de Scooter é um obstáculo pra mim.
Recentemente comecei a regravar minhas músicas antigas e isso já provou ser emocionante e criativamente gratificante. Tenho muitas surpresas reservadas. Quero agradecer a vocês por me apoiarem nesta saga.
PS. Pra transparência e esclarecimento, incluí a carta de resposta que enviei em 28 de outubro de 2020 ao grupo privado que comprou minha música."