Um gesto de Sérgio Ricardo entrou para a história da cultura nacional. Durante a final do III Festival da Música Popular, em 21 de outubro de 1967, o compositor quebrou o seu violão e o arremessou em direção ao público - tal ato marcou toda a sua carreira, inspirando inclusive o livro Quem quebrou meu violão (1991). Ele morreu nesta quinta-feira (23) em decorrência de uma insuficiência cardíaca.
Ainda nas eliminatórias do concurso, uma semana antes, Ricardo tinha sido vaiado pelo público durante sua performance de Beto bom de bola. A reação negativa também foi dada pelos espectadores para uma apresentação, na sequência, de Caetano Veloso e os Beat Boys.
Na final, antes mesmo de iniciar seu número, Ricardo foi vaiado novamente ao entrar no palco. Mesmo com um arranjo modificado para a mesma faixa apresentada nas eliminatórias, a plateia seguiu com os sons de crítica.
A seguir, ele ironizou toda a situação.
— O nome da música vai se chamar Beto bom de vaia, de forma que vocês possam vaiar à vontade — ironizou.
Mesmo assim, as vaias seguiram. No meio da canção, sem ouvir o retorno da banda, desistiu:
— Vocês ganharam, vocês ganharam!
Foi então que ele saiu do centro, quebrou o violão em um banco e o atirou para a multidão. Naquele período, o artista era conectado a ideais de esquerda e, por isso, foi duramente criticado.