Na quinta-feira (30), a direção do Internacional escolheu o consórcio formado pelas produtoras Opus e DC7 para gerir o Ginásio Gigantinho pelos próximos 20 anos.
Diante desse novo capítulo da história de um dos palcos mais lembrados pelos gaúchos, que deverá ser restaurado e capacitado para voltar a receber grandes shows nacionais e internacionais, GaúchaZH pediu a artistas e comunicadores que lembrasse momentos emblemáticos que viveram no Gigantinho, como atração e também na plateia.
Porã
Eu assisti ao Festival Rock Unificado (em 1985), que foi um festival superimportante pra cena do rock gaúcho, porque ali no palco do Gigantinho se apresentavam todas aquelas bandas dos anos 80 que tocavam por Porto Alegre, como TNT, Engenheiros do Hawaii, Garotos da Rua. E, por causa desse festival, a gravadora RCA dez um disco chamado Rock Grande do Sul, que acabou projetando a cena do rock gaúcho dos anos 1980 para o Brasil inteiro.
Humberto Gessinger
Em 1979, assisti ao genial Egberto Gismonti dividindo a noite com John MacLaughlin no Gigantinho. Tempos incríveis em que a música instrumental de qualidade tinha grande espaço. Voltei pra casa (uma longa caminhada até a Zona Norte) extasiado. Jamais imaginaria que um dia chegaria a minha vez.
Daniel Scola:
Iron Maiden, agosto de 1992, turnê do álbum Fear Of The Dark. Uma noite fria, gigantinho lotado. O Iron estava no auge, em grande forma.
Edu K
Um show extremamente marcante pra mim, porque era muito raro na época vir uma banda no seu auge ao Brasil, foi o Sigue Sigue Sputnik, no segundo disco. Eu amava os caras e foi um show que não estava tão cheio e eu consegui ficar bem na frente. E foi muito comédia porque o vocalista, o Martin Degville, ficava dançando naquele estilo de malhação e como tinha espaço, o público ficava repetindo os movimentos.
Também fui no show da Rita Lee nos anos 1980. Minha mãe me levou, eu era moleque, tinha acabado de me mudar para Porto Alegre, e era apaixonado pela Rita Lee desde o final dos anos 1970. E foi um baita show, foi como ver um show dos Stones.
Martha Medeiros
Que tarefa, escolher o melhor show no Gigantinho. Foram dezenas. Rita Lee, Genesis, Jean Luc Ponty, James Taylor, Blitz, Simply Red, Doces Bárbaros... mas vou eleger o primeiro de todos: Secos & Molhados, minha estreia no ginásio, levada pelas mãos dos meus pais no distante 1973. Histórico.
Rafael Malenotti
Minha relação com o Gigantinho é só de amor e ótimas lembranças: desde a minha adolescência, nos anos 1980, frequentando os shows de todas as bandas do cenário local, nacional e internacional (como o do The Cure, que juntou 42 mil pessoas em 2 noites, sim, inacreditáveis 21 mil pessoas por noite, acho que deve ser o recorde inclusive), até chegar o momento em que eu migrei da pista para o palco, e nessa hora eu praticamente “entrei em alfa”.
Eu não conseguia acreditar que estava chegando a hora de ver a minha costumeira gritaria no meio do público ir pra baixo dos holofotes, e ter a sensação de sentir essa energia de volta, como fiz tantas vezes, foi algo realmente muito estimulante para a minha vida artística. Foi em 1998, quando recém estávamos lançando nosso primeiro single em português e abrimos uma noite de ginásio abarrotado para ver o show dos Paralamas do Sucesso. Eu considero esse show um grande divisor de águas, um vestibular, onde conseguimos passar com louvor e adentrar para a faculdade do mundo artístico com o pé direito.
Fabrício Carpinejar:
The Cure, 1987, lembro que foi no início do ano letivo. Devo ter o ingresso colado na minha agenda em alguma caixinha. Tinha 14 anos. Deixei o Gigantinho em êxtase: Let's Go To Bed! Óbvio que suportei todas as colegas de escola querendo casar com Robert Smith...
Beto Bruno
Toquei com a Cachorro Grande duas vezes no Gigantinho e com certeza a mais importante foi quando abrimos o show o Oasis. Eram quatro shows no Brasil e a turnê acabava em Porto Alegre. Foi assustador, parecia muita responsabilidade pra nós, mas o show foi maravilhoso! Foi como uma consagração na cidade onde a nossa banda nasceu.
Eu lembro quando acabou o show e estávamos do lado de fora do ginásio e eu comentei, olhando pro Beira-Rio, que maior do que aconteceu naquele dia só poderia ser abrir pros Rolling Stones no estádio do meu time. Mas isso é outra história...
Claudia Tajes
Foram muitos os shows no Gigantinho, e de alguns esqueci por motivos etílicos. Era jovem, sabe como é. Um dos melhores, sem dúvida, foi o show do The Cure, em 1987. Lembro que inventei de ir de branco só porque todo mundo estaria, obviamente, de preto. O que era um pontinho branco no gargarejo do Robert Smith? Era eu, feliz da vida, gastando os poucos trocados que tinha pra lembrar daquela noite por toda a vida.