Em 10 de janeiro de 2016, David Bowie foi encontrar o homem das estrelas. Desde a sua morte, o legado musical do artista britânico segue circulando com relançamentos da sua discografia, registros de apresentações ao vivo e álbuns com faixas demo e raridades. Com trabalho tão prolífico em vida, ainda há muito para se ouvir do camaleão do rock.
Neste ano, já foram lançados dois álbuns póstumos de Bowie: Is It Any Wonder?, em fevereiro, e ChangesNowBowie, em abril. Um terceiro, intitulado Liveandwell.com está previsto para o dia 15 de maio. Na última sexta-feira (8), o single Little Wonder (registro de uma apresentação no Radio City Music Hall, em Nova York, em 1997) foi divulgado.
Is It Any Wonder? é um EP de raridades do artista. O trabalho traz a inédita Nuts, faixa que foi composta por Bowie ao lado de Reeves Gabrels e Mark Plati durante as sessões do álbum Earthling (1997). Há duas faixas que foram gravadas originalmente pela banda Tin Machine (projeto que ele idealizou no final dos anos 1980): Baby Universal ’97 e I Can’t Read. Também há duas versões de The Man Who Sold The World, uma remixada por Brian Eno e outra presente em Changesnowbowie.
Contando com nove faixas, Changesnowbowie foi gravado para rádio BBC na ocasião do aniversário de 50 anos de Bowie, em 8 de janeiro de 1997. Além de uma entrevista com o cantor, a transmissão foi intercalada com mensagens de parabéns e perguntas de nomes como Bono (U2) e Robert Smith (The Cure). Em uma sessão acústica e despojada, Bowie apresentou canções como Quicksand e Aladdin Sane.
Já na sexta-feira que vem (15), chega às plataformas de streaming a primeira de uma série de três lançamentos ao vivo de Bowie dos anos 1990, conforme comunicado da gravadora Warner Music. Liveandwell.com é um álbum de 12 faixas que reúne registros de shows da turnê Earthling em Nova York, Amsterdã, Rio de Janeiro – The Voyeur of Utter Destruction foi apresentada na capital carioca em 1997, no Citibank Hall – e no Reino Unido. A maior parte das faixas esteve disponível por um tempo limitado para assinantes do site BowieNet, enquanto Pallas Athena e V-2 Schneider foram lançadas como um single intitulado The Tao Jones Index.
Os demais discos da trilogia ao vivo ainda não tem data de lançamento definida, mas, segundo a gravadora, devem chegar nos próximos meses.
Póstumo
Bowie morreu aos 69 anos após batalhar durante 18 meses contra um câncer no fígado. Ele não pode ver a estreia do musical Lazarus, ainda em 2016. Escrito pelo artista em parceria como dramaturgo irlandês Enda Walsh, o espetáculo é baseado no romance O Homem que Caiu na Terra, de Walter Tevis – que inspirou o filme de mesmo nome de 1976 e que tem Bowie como o protagonista. A montagem na Broadway foi estrelada por Michael C. Hall (Dexter).
O cantor inspirou foi tema de dois documentários dirigidos por Francis Whately: David Bowie – The Last Five Years (2017), que investiga seus últimos anos de vida; e David Bowie – Finding Fame (2019), que aborda o início de carreira do artista.
No que tange a música, em 2017 saiu o EP No Plan. O álbum traz três faixas inéditas de Bowie gravadas durante as sessões de Blackstar (seu último trabalho de estúdio, lançado dois dias antes de sua morte), além de Lazarus: No Plan, Killing A Little Time e When I Met You. Os registros integravam a trilha do musical.
Entre relançamentos e compilações, vieram discos ao vivo – como Cracked Actor (Live Los Angeles '74), em 2017, e Glastonbury 2000 e Welcome to the Blackout (Live London '78), ambos em 2018. Também há as caixas com remasterizações, demos e versões alternativas das canções, que cobrem diferentes fases de Bowie: Who Can I Be Now? (1974–1976), A New Career in a New Town (1977–1982), Loving the Alien (1983–1988) e Conversation Piece (1968-69).
Fã de Bowie desde que tinha 13 anos, o jornalista e bancário aposentado Emílio Pacheco recebe de braços abertos os materiais raros ou inéditos do cantor.
— Dos lançamentos recentes do Bowie, o que considerei mais interessante foi a caixa de cinco CDs Conversation Piece. É material mais pra colecionador, pelo valor histórico, com demos e gravações caseiras feitas por David no começo da carreira — destaca o fã de 59 anos.
Segundo Emílio, existem muitos shows e programas de TV de Bowie que ainda aguardam lançamento oficial.
— O mais esperado de todos talvez seja o filme que David Hemmings fez da turnê de 1978, que ainda não vazou na íntegra. Se fosse encontrada uma boa matriz, poderia sair em Blu-ray. E não seria má ideia relançar títulos como Best of Bowie (coletânea de clipes) e Love You Till Tuesday (filme de 1968), que estão fora de catálogo há anos e são desconhecidos dos fãs mais jovens — aponta.
Sobre os lançamentos recentes, Emílio ressalta que Is It Any Wonder e Changesnowbowie contêm material de 1997, o que seria um recorte muito específico e limitado de tempo.
— Nós, os colecionadores, queremos muito mais. E torço para que venha logo, pois os fãs de Bowie da minha geração não têm muitas décadas mais pela frente para esperar — sublinha.