Em 2016, Zeca Pagodinho reuniu uma penca de famosos — e antigos companheiros de música – na gravação do DVD Quintal do Pagodinho, projeto do sambista que dá voz a compositores que são seus parceiros históricos. Pois foi em um dos melhores momentos do show, quando Zeca e Maria Bethânia dividiram os vocais em Sonho Meu, que surgiu a parceria que deu origem ao espetáculo que chega nesta quarta-feira (28/11) a Porto Alegre.
Batizado de De Santo Amaro a Xerém, o show mistura no palco sambas de Zeca e as canções consagradas por Bethânia. O nome do espetáculo faz referência à cidade natal de Bethânia, na Bahia, e ao município fluminense onde Zeca tem um sítio.
No início deste ano, foi realizada a primeira etapa da turnê, que passou por cinco capitais. No último sábado, Brasília recebeu a abertura da segunda etapa. Em entrevista por telefone, do Rio, Zeca celebra o fato de dividir o palco com a baiana:
— Está sendo muito legal essa amizade com Bethânia. Ela me ensinou a ser um outro Zeca. Me fez ensaiar, cantar coisas que nunca cantei. É uma grande cantora, jamais imaginei uma parceria assim.
O sambista lembra que a ideia do projeto surgiu na gravação do Quintal do Pagodinho, no sítio de Zeca, em tom de brincadeira.
O repertório, pensado em parceria por Zeca e Bethânia, é um passeio não só pelas exitosas carreiras da dupla, mas também presta homenagem a grandes nomes da MPB e do samba.
— Quando marcamos os shows, conversamos, Zeca e eu, sobre o que nos une. O samba de roda da Bahia, o samba do Rio de Janeiro, a música, o gosto musical de cada um. Ele é um extraordinário intérprete do samba bem-construído baiano. Falamos muito do que unia Santo Amaro e Xerém, Portela, Mangueira, sobre o prazer da cena – afirma Bethânia, em entrevista por e-mail.
Repertório feito a quatro mãos
A cantora destaca particularidades do projeto:
— Para fazer um show juntos, tem que ter um sentido. Fazer uma música é uma coisa e um espetáculo em dupla é diferente. Zeca é uma personalidade muito forte e eu sou baladeira, sou da MPB, canto de tudo, do brega vou para Fernando Pessoa, para a poesia misturada. Então, isto tinha que estar bem claro. Ele, nitidamente com as potências dele, e eu com as minhas.
Bethânia, 72 anos, e Zeca, 59, alternam-se no palco e, em dueto, trazem surpresas como uma interpretação de Você Não Entende Nada, de Caetano Veloso, a inédita A Surdo 1, de Adriana Calcanhoto, sobre a escola de samba Mangueira, além da música de abertura do espetáculo, Amaro Xerém, um samba de roda da Bahia, escrito especialmente para o show por Caetano Veloso, a pedido de Bethânia, depois de mais de 20 anos sem fazer uma canção para a irmã.
Na parte solo de Zeca, ele mostra sucessos como A Voz do Morro, Reconvexo, Coração em Desalinho e Não Sou Mais Disso. Já Bethânia celebra sua ligação com a Mangueira em canções como Atrás da Verde-e-Rosa Só Não Vai Quem já Morreu, Chico Buarque da Mangueira e Exaltação à Mangueira.
Sobre a experiência com Zeca, Bethânia afirma que os dois “estão se divertindo”:
— Essa era a proposta, e é isso que estamos fazendo no palco.
Zeca Pagodinho e Maria Bethânia
Quarta-feira (28/11), às 21h
Auditório Araújo Vianna (Avenida Osvaldo Aranha, 685)
Ingressos: R$ 160 (lateral em pé), R$ 400 (plateia alta central) e R$ 450 (plateia baixa central), à venda na bilheteria do Teatro do Bourbon Country (Av. Túlio de Rose, 80), na bilheteria do Araújo Vianna, a partir das 16h, e no site uhuu.com. Sócios do Clube do Assinante têm 10% de desconto.