Quando a Superguidis anunciou seu fim após nove anos de carreira, em 2011, ficaram órfãos não só os fãs, que à época formavam uma base consolidada de público para a banda de Guaíba. Também a cena roqueira do Estado, rediviva desde a década anterior, viu-se sem um de seus maiores expoentes.
Agora, o tributo O Manual de Instruções, com covers de 21 artistas brasileiros e argentinos, já disponível nas plataformas digitais, relembra as principais faixas dos três álbuns do grupo. Mais do que isso, tenta trazer de volta o espírito de uma época.
– Acho que a Superguidis merece um tributo pela importância que têm para a geração dos anos 2000, além da riqueza de seu repertório. Mas as relações construídas pela banda na cena independente também tiveram muita importância. O subtítulo Um Tributo Afetivo é por conta disso. Eles atualizaram a linguagem do rock, de uma maneira universal. No som, incorporando as influências dos anos 1990, com letras em português, e na poesia, que refletiu o sentimento de uma geração em transição – conta o produtor Fernando Rosa, conhecido como Senhor F, o responsável pelo disco ao lado do selo Scatter Records.
Entre as 21 faixas, seis são reinterpretadas por grupos argentinos: nomes como Ragazzas, Impermeables, Las Diferencias e Los Posibles tocam, em espanhol, músicas como Apenas Leia, A Parte Boa e Fã-Clube Adolescente. A escolha se deu mais com base em afinidades entre os membros das bandas do que em similaridades sonoras – todos os artistas escolhidos tiveram alguma relação com Andrio Maquenzi (voz e guitarra), Lucas Pocamacha (guitarra e voz), Diogo Macuedi (baixo) e Marco Pecker (bateria) em algum momento. Os integrantes da Superguidis, no entanto, não participaram da produção.
– Cada um dos artistas tem uma história particular. Dos acreanos do Los Porongas, que levaram a banda para o Festival Varadouro, em Rio Branco, a Wander Wildner, que produziu sozinho o primeiro show dos Guidis em São Paulo – conta Rosa.