Porto Alegre receberá no próximo mês o show de um homem realizado. Católico devotado, o tenor italiano Andrea Bocelli, 59 anos, protagonizou, em 13 de maio, um concerto dedicado à música sacra em um dos destinos religiosos mais procurados do mundo, o Santuário de Fátima, a 130 quilômetros de Lisboa, capital portuguesa.
A apresentação, diante de 10 mil pessoas, realizou-se na Basílica da Santíssima Trindade, uma das edificações do complexo construído sobre o local onde três crianças pastoras teriam visto Nossa Senhora e tomado conhecimento de três segredos revelados pela santa, em 1917. Gratuito, o show de Bocelli, que chegou a percorrer de joelhos a Passadeira das Promessas, marcou o encerramento das comemorações do centenário do episódio.
O espetáculo, que não será o mesmo programado para o Rio Grande do Sul, contou com a participação da pianista francesa Elizabeth Sombart, da violinista ucraniana Anastasiya Petryshak e da fadista portuguesa Ana Moura, interpretando obras de Ennio Morricone, Franz Schubert, Johann Sebastian Bach e Georges Bizet, entre outros. Em um dos momentos mais emocionantes, Bocelli entoou a Ave Maria de Giulio Caccini acompanhado por Anastasiya.
Minutos depois do término do show, o cantor concedeu uma breve entrevista no camarim, abastecido com um lanche frugal: framboesas, uvas, amoras, morangos e bergamotas. As limitações da pauta haviam sido comunicadas previamente por sua esposa, Veronica Berti, enquanto a potente voz do marido ecoava pelos bastidores do templo durante o aquecimento: ele não falaria sobre a cegueira, tampouco a respeito da idade. O toscano de Lajatico, que já tinha a visão de um olho extremamente comprometida por um glaucoma na infância, ficou cego do outro olho ao ser atingido por uma bola de futebol na cabeça, aos 12 anos.
– Eu já tive tanto na vida. Sou uma pessoa de muita sorte. Desde menino, fui cercado do bem mais precioso, que é o afeto – disse o tenor, em italiano, quando questionado sobre qual milagre rogaria a Fátima. – Pediria para Nossa Senhora que olhasse para este mundo que ainda está cheio de sofrimento. O mundo vai sempre para a frente e sempre melhor, mas muito lentamente em relação ao que poderia ser. Há sofrimento em tantos lugares pobres, como o Haiti e a África. O homem poderia fazer muito mais. Se Nossa Senhora ajudasse com uma boa palavra, talvez se conseguisse – completou.
Bocelli não adiantou detalhes sobre a turnê brasileira, mas afirmou que está sempre aberto a convites para parcerias com artistas locais. Ele já cantou ao lado de Sandy, Ivete Sangalo, Toquinho e Anitta – a sertaneja Paula Fernandes virou notícia, em 2016, por “travar” ao lado da celebridade europeia em um dueto.
– Quando me ofertam canções de compositores brasileiros, fico felicíssimo – vibrou.
Andrea Bocellli fará seu primeiro show na Capital no estádio Beira-
Rio, em 23 de setembro, às 20h, um dia depois de completar 60 anos. Os ingressos já estão à venda.
*A repórter viajou a Portugal a convite da Dançar Marketing