Phil Collins lembrou semanas atrás em Porto Alegre algumas faixas da fase oitentista mais pop do Genesis, quando o então trio completado por Mike Rutherford e Tony Banks pouco trazia da identidade sonora do grupo britânico projetado nos anos 1970 na crista da onda do rock progressivo.
Steve Hackett é quem vai matar na terça-feira (20), de forma efetiva, a saudade dos fãs daquele Genesis seminal. Como Collins, apresenta-se pela primeira vez na Capital com a carreira solo. A celebração está marcada para as 21h, no Araújo Vianna.
O guitarrista inglês de 68 anos, aclamado virtuose do instrumento, destaca no espetáculo o passado genuinamente progressivo e inovador do Genesis representado pelos discos que gravou com a banda na sua formação clássica: Collins na bateria, Peter Gabriel no vocal, Rutherford no baixo e Banks nos teclados.
— Estou ansioso para tocar em Porto Alegre — avisa Hackett em entrevista por e-mail a Zero Hora. — Estou levando muitas de minhas favoritas do Genesis, como Supper’s Ready, Dancing With The Moonlit Knight, The Musical Box e One for the Vine, faixas da carreira solo, coisas novas e temas do GTR — completa, referindo ao grupo que formou com outro fera da guitarra viajandona, Steve Howe, do Yes.
Hackett diz que não gosta de divulgar o repertório do show porque prefere surpreender o público. Na turnê pela América do Sul, que começa pela Capital a etapa brasileira, o guitarrista tem mostrado de 12 a 16 faixas, começando com exemplares da carreira solo, entre elas Please Don’t Touch, Every Day e Behind The Smoke (de seu mais recente disco, The Night Siren, de 2017), emendando When the Heart Rules the Mind, do GTR, e dedicando pelo menos metade do show à nata do que registrou com o Genesis até sua saída da banda, em 1977 – nos álbuns Nursery Cryme (1971), Foxtrot (1972), Selling England by The Pound (1973), The Lamb Lies Down on Broadway (1974), A Trick of the Tail (1976) e Wind and Wuthering (1976), os dois últimos já sem Gabriel e com Collins nos vocais.
Foi sem Gabriel que o Genesis veio a Porto Alegre em maio de 1977, tocando duas noites no Gigantinho – uma das apresentações acabou sendo mais curta em razão de um problema estomacal de Rutherford.
— Tenho boas lembranças dos shows em Porto Alegre — garante Hackett.
E explica que seu rompimento com a banda logo depois não teve nenhuma relação com o direcionamento mais pop que a banda tomava:
— Foi porque eu queria ter mais autonomia, e esse era o caminho a seguir.
Como trunfo a seu lado no palco, Hacktett apresenta o vocalista sueco Nad Sylvan, que emula tanto as performances e timbres de Gabriel quanto as de Collins. E destaca os demais parceiros que o acompanham:
– Nad Sylvan é perfeito para interpretar o material de Genesis. Eu o conheci na Alemanha e fiquei impressionado com sua voz e sua presença de palco. Temos outro sueco na banda, um baixista incrível chamado Jonas Reingoldt. Roger King é um tecladista muito talentoso, Rob Townsend é um multi-instrumentista brilhante, e Gary O’Toole é um baterista poderoso.
Hackett foi por mais de 20 anos casado com uma brasileira, a artista plástica e designer Kim Poor, período em que se aproximou da música produzida no Brasil – trabalhou aqui com seu conterrâneo Ritchie, ídolo do pop nacional nos anos 1980.
— E com o baterista Rui Mota e (o percussionista) Junior Homrich na trilha do filme A Floresta das Esmeraldas (1985). Contei com músicos brasileiros no meu álbum Till We Have Faces (1984). Representante de uma era em que os discos conceituais exigiam ouvintes atentos e interessados em longas digressões sonoras, Hackett dá sua opinião sobre os tempos de consumo fragmentado de música por streaming:
— Eu ainda invisto nas mídias físicas porque a maioria dos meus fãs prefere ouvir a história completa, e não apenas parte dela. E as pessoas mais jovens estão começando a perceber a vantagem disso também.
Steve Hackett
Terça (21), às 21h. Duração: 1h40min.
Classificação: livre.
Auditório Araújo Vianna (Avenida Osvaldo Aranha, 685).
Ingressos: R$ 190 (plateia alta lateral), R$ 260 (plateia baixa lateral), R$ 290 (plateia alta central) e R$ 340 (plateia baixa central). Desconto de 50% para sócios do Clube do Assinante. Venda sem taxa de conveniência: bilheteria do Teatro do Bourbon Country (Av. Túlio de Rose, 80 / 2º andar, das 10h às 22h) e bilheteria do Araújo Vianna, a partir das 14h (somente amanhã). Venda com taxa: bit.ly/zhsteve. Mais informações no roteiro da página 6.