Depois de um ano agitado, em que se consolidou como uma das principais bandas da cena indie rock nacional, a Carne Doce volta ao Agulha nesta sexta-feira, às 22h30min, para um dos últimos shows da turnê de seu segundo disco, Princesa (2016).
A trajetória dos goianos começou em 2013, como um duo entre os namorados Salma Jô (vocal) e Macloys Aquino (guitarra). Já como quinteto, lançaram o primeiro álbum, autointitulado, em 2015. Completam o time João Victor Santana (guitarra), Aderson Maia (baixo) e Ricardo Machado (bateria).
Mas a grande virada se deu com Princesa, gravado em São Paulo, no Red Bull Studio. Além da banda ter crescido em entrosamento e depurado timbres, Salma ficou mais à vontade para explorar temas que se mostraram polêmicos depois do lançamento do álbum.
– A pauta sobre o feminino na sociedade me afetou, então quis tratar disso também na minha música, de como o feminismo e o machismo se refletem na minha vida pessoal. Depois de sair o disco, a gente percebeu que estava sendo incluído como um case feminista, o que nos fez gozar de certos privilégios. Nossa agenda dobrou, as letras foram mais discutidas, a pauta ganhou espaço. Mas também passamos a sofrer críticas e ataques de modo muito agressivo. A gente não imaginava como o tema teria desdobramentos complexos – conta Salma.
Pronta para gravar um novo disco com os colegas, a ser lançado nos próximos meses, Salma afirma que não deve se afastar do tema:
– Sou mulher e não vou deixar de falar sobre isso. Mas acho que as letras estão cada vez mais introspectivas, e vão refletir também os desgastes e privilégios que vivenciamos.
Perto das origens, mas fora do eixo
O Carne Doce também não deve se afastar de suas origens. Apesar de tocar mais em São Paulo do que em Goiânia, Macloys avalia que é possível ter circulação nacional sem estar no eixo econômico principal do país:
– Nossa base está em Goiânia. Tudo é mais fácil para a gente ali. É claro que em São Paulo há acesso facilitado a artistas, produtores e agenciadores, mas, se a gente resolvesse ir para lá, assumiríamos um custo extraordinário em troca de pouco a mais do que temos nesta sexta em capacidade de circulação. Mudanças tecnológicas possibilitaram maior acesso à divulgação e logística. Se a gente for tocar em São Paulo, a gente voa para lá em uma hora, por exemplo.
Carne Doce
Nesta sexta, às 22h30min. Portas abrem às 19h.
Agulha (Rua Conselheiro Camargo, 300), em Porto Alegre.
Ingressos a R$ 80, à venda no local.