É oportuno que Duca Leindecker lance seu novo álbum em um sábado. Com uma musicalidade aparentemente simples, Baixar Armas é um disco para ouvir com relaxada atenção, sem pressa em alguma brecha da rotina.
Disponível a partir deste final de semana nas plataformas digitais e no site produtooficial.com.br, o álbum do músico gaúcho dá continuidade ao trabalho já exposto na banda Cidadão Quem, no duo Pouca Vogal e nos discos solo Voz, Violão e Batucada e Plano Aberto. Tratam-se de canções inegavelmente pop, mas com uma fusão original de timbres acústicos e elétricos, bem como de gêneros e ritmos. Em primeiro plano, no entanto, está sempre a voz suave e não impostada de Duca a defender seus versos.
A polarização do debate político e a banalização da violência são alguns dos temas que emergem das composições. Na faixa-título, Duca descreve uma postura cada vez mais comum nas redes sociais: “Enquanto eu falo/ Você não escuta/ Eu não escuto o que você fala”. Zumbis e Fadas pode ser encarada como um hino contra a tentativa de rotular pessoas em categorias opostas: “Não dá pra viver entre zumbis e fadas/ Sou de tudo um pouco/ Entre o céu e o inferno”. Já 0x0, parceria com a outra metade do Pouca Vogal, Humberto Gessinger, tem um tom de apelo contra insensibilidade: “Livra teus olhos desse véu para ver/ Que um grito de criança não tem cor”.
Baixar Armas é um disco que não causa estranhamento pela sonoridade, embora os arranjos às vezes surpreendam, como em Eterno Agora, que alterna guitarras com percussão brasileira; ou em Tudo Verdade, delicado dueto com Shana Müller. No entanto, letra e música estão sempre entrelaçadas de forma competente, provando mais uma vez que Duca é um dos grandes cantautores da sua geração.
Baixar Armas
De Duca Leindecker, Produto oficial, 13 faixas, R$ 30. Disponível nas plataformas de streaming a partir deste sábado. Cotação: 4 de 5 estrelas.