Há sete anos, Fernanda Takai, John Ulhoa e Ricardo Koctus, da banda Pato Fu, tiveram a ideia de gravar um disco inteiro utilizando brinquedos e instrumentos musicais feitos para crianças. O álbum Música de Brinquedo 1 vendeu 40 mil cópias, resultou numa turnê que percorreu o país por cinco anos e rendeu para o trio um Grammy Latino de álbum infantil.
Assim como na primeira versão do trabalho, em Música de Brinquedo 2 o grupo manteve a participação dos backing vocals mirins, mas com mudanças na escalação. Nina, filha de Fernanda e John, agora uma adolescente de 14 anos, e Mariana, as cantoras do primeiro CD, participaram apenas de uma música (Mamãe Natureza). Nas outras 10, quem canta são crianças de até oito anos – boa parte filhos de fãs da banda.
O resultado é interessante e muito fofo. Interessam sobretudo Palco (clássico de Gilberto Gil, que abre o disco e preserva o suingue da original) e I Saw You Saying, dos Raimundos, em que as crianças cantam o refrão em inglês (e provocam risadas de Fernanda Takai no final). Private Idaho, dos B-52's, tem um ótimo solo de tecladinhos, é cantada por John e é a responsável desde já por lançar uma nova onda: a new wave de brinquedo. Se há um momento em que o disco escorrega um pouco é no bolero Não se Vá, sucesso nas vozes de Jane & Herondy, que soou um tanto artificial com a manipulação digital da voz principal.
O forró Severina Xique-Xique, composto há 42 anos pelo paraibano João Gonçalves e eternizado por Genivaldo Lacerda, merece um parágrafo. Uma galinha de borracha substitui a zabumba e outro brinquedo – indecifrável na audição – emula o som de um triângulo. Os vocais das crianças acrescentam ainda mais doçura e inocência à melodia. Por isso é de se lamentar que uma minoria ainda perca seu tempo para criticar, via redes sociais, o refrão "Ele tá de olho é na butique dela".
Comparado ao que se ouve atualmente nas rádios brasileiras, a letra do forró é, literalmente, coisa de criança.