Se em 1992 Gabriel O Pensador criticava Fernando Collor de Mello em Tô Feliz (Matei o Presidente), o conturbado cenário político atual foi propício a uma versão atualizada da canção. Em Tô Feliz (Matei o Presidente) 2, o cantor e compositor cita diretamente Michel Temer e faz referência a Jair Bolsonaro.
Lançada no dia 19, a música teve cerca de 1, 4 milhão de visualizações no YouTube em apenas cinco dias. Em passagem por Porto Alegre para participar da Festa Nacional da Música, o cantor deu uma entrevista nesta terça-feira (24) ao programa Timeline, da Rádio Gaúcha, e informou que cada canção do novo disco deverá ser lançada individualmente na internet.
O lançamento de Tô Feliz (Matei o Presidente) 2 em uma situação de polarização política fez com que Gabriel fosse questionado sobre não ter feito a versão atualizada em outros momentos, como quando Dilma Rousseff era presidente. De acordo com o cantor, a segunda versão foi inspirada no decreto de Michel Temer que autorizava a extinção da Reserva Nacional de Cobre e Associados (Renca), área de preservação ambiental na Amazônia — medida posteriormente abandonada pelo mandatário do governo.
— Foi o estopim para eu começar a fazer essa letra. Fiz por impulso, por instinto. Fiz música para todos os governos, músicas igualmente fortes. Só não falava em "matar o presidente" porque não queria repetir aquele tema. Quando lancei Chega, que falava sobre corrupção, os petistas não gostaram — disse o cantor.
Jair Bolsonaro vira alvo do compositor no trecho "chamando políticos ridículos de mito" — epíteto dado ao deputado por seus seguidores nas redes sociais. A intenção, segundo o cantor, foi incentivar a população a parar de engrandecer os políticos.
— Acho que o mito não é o político, nem o Bolsonaro, nem o Jean Wyllys, nem ninguém. O mito é cada um de nós. A gente faz mais pelo Brasil do que esses caras.
Sobre a música Lôraburra, lançada em 1993 e que mais tarde seria criticada por feministas, Gabriel disse que compôs a música na intenção de orientar as mulheres para que elas "não se tornassem objetos". Avaliando a música, alguns trechos passaram a incomodar o compositor, e a canção foi retirada dos shows.
— Antes dessa onda polticiamente correta, eu me incomodei com algumas frases delas, achava machistas mesmo.