O sol ainda não tinha nascido, e os primeiros fãs já formavam fila em frente ao Pepsi On Stage. Gente de todo o Brasil se encontrava e conversava como amigos de décadas – e alguns de fato há décadas se reencontram basicamente em ocasiões como essa. Compartilhavam euforia e ansiedade para assistir às 22h o ídolo Humberto Gessinger gravar DVD com show comemorativo aos 30 anos do disco A Revolta do Dândis.
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– O que vai acontecer aqui é uma verdadeira celebração. Não tinha como eu perder isso – avalia o paraense Veldson Pinto, 38 anos, que encarou 17 horas de de ônibus de Altamira até Belém e um voo com conexão em São Paulo para o Salgado Filho.
Não é incomum que grupos de fãs de diferentes estados viajem seguindo a carreira solo do líder dos Engenheiros do Hawaii, banda que está em pausa desde 2008. Algumas vezes, a movimentação é tão grande que gera até eventos paralelos. Desta vez, em Porto Alegre, a banda cover Várias Variáves, de Brasília, promoveu um show na véspera na Cidade Baixa, em Porto Alegre, e participou de outro na tarde de sábado em Canoas. O trio de músicos há décadas acompanha o trabalho de Humberto Gessinger, mas aponta que estar na gravação de um DVD na capital gaúcha é especial.
– Porto Alegre é a Meca da engenharia havaiana – brinca o guitarrista Daniel Reis, 43 anos.
Um dos fãs mais constantes nos shows de Gessinger, o carioca Emerson Gimenes, 43 anos, viu pela primeira vez os Engenheiros na turnê de A Revolta dos Dândis, há três décadas.
– Para muita gente, esta turnê será a primeira oportunidade de ouvir ao vivo muitas das músicas do disco. Na verdade, eu mesmo nunca tinha visto algumas ao vivo – conta Emerson.
É a segunda vez que o amazonense Tirson Benarrós, 42 anos, vem a Porto Alegre para assistir a um show. A primeira foi para ver o beatle Paul McCartney.
– Tinha uma dívida com o Revolta dos Dândis. Comprei o disco quando foi lançado, mas só fui me profundar nele anos mais tarde – lembra Tirson.
O primeiro a chegar à fila do Pepsi, às 5h30min, não tinha sequer nascido quando o disco em questão foi lançado. Aos 19 anos, o porto-alegrense Daniel Rangel da Silva já viu 8 shows do ídolo:
– Humberto consegue falar tudo que a gente sente de modo único. Músicas que eu ouvia há quatro anos, por exemplo, ganham novo sentido para mim quando escuto novamente agora.
Aos 17 anos, Ellen Menegaz, de Tapejara, também é uma prova de que o artista consegue renovar seu público:
– Cada show é único e indescritível. É também é uma oportunidade de reencontrar fãs de diferentes lugares e fazer novos amigos.
Além de amizades, amores também se criam nessa highway. As paulistas Vanessa Conrat, 22 anos, e Thalita Andrade, 25, se conheceram em um show de Gessinger há três anos. Agora, estão completando quatro meses de namoro. Nesta sexta-feira, alugaram um carro em São Paulo e passaram 18 horas na estrada para ver a gravação do DVD em Porto Alegre.
– Humberto prova que a música é realmente capaz de unir as pessoas – conclui Vanessa.