Por cerca de um hora, na manhã desta segunda-feira (4), dezenas de crianças pausaram a agitação tipicamente infantil para ouvir atentas as histórias fantásticas de Cláudio Levitan. Sentados no Teatro Carlos Urbim, espaço montado na Praça da Alfândega para a 70ª Feira do Livro de Porto Alegre, os pequenos leitores foram apresentados a alguns dos principais enredos e personagens do autor.
Entre eles estão uma bruxa de dez orelhas, presente na obra O Porão Misterioso (2000), e outra de cinco narizes que vive sob a terra, de Pimenta do Reino em Pó (2006). As vilãs excêntricas instigaram a plateia, formada por estudantes do Ensino Fundamental com idades entre seis e 12 anos.
— Como é que a bruxa consegue sobreviver embaixo da terra? Isso é verdade ou é só ilusão? — perguntou uma estudante após alguns minutos com o dedo levantado.
Para sair da saia justa, Levitan citou diversas espécies que vivem em condições semelhantes, demonstrando não ser algo tão irreal assim.
— A biologia, a matemática, a história, tudo está nos livros. Por isso os livros são tão importantes — justificou ele.
— Eu sei que aqui tem escritores que estão tentando se descobrir. Saibam, vocês já são escritores. Mas, para escrever de verdade, para ser realmente um autor, é fundamental ler bastante — aconselhou.
Interessado pelo ofício da literatura, um aluno questionou se ser escritor é bom ou ruim, ao que Levitan respondeu:
— Quer saber se é bom estar aqui na frente falando com vocês? É maravilhoso! (risos) Ser escritor é viajar na ideia, viajar por um mundo que nem sabemos que existe. A gente vai criando e vai descobrindo o que vem depois, é sempre uma aventura muito boa.
Após apresentar seus livros e responder às indagações da plateia questionadora, o escritor sacou o violão e interpretou canções de sua autoria, sendo acompanhado por palmas entusiasmadas. Ao fim, recebeu uma avalanche de abraços dos pequenos leitores, que seguiram a jornada na Feira do Livro rumo às bancas da área infantil, prontos para descobrir novas histórias.
À reportagem, Levitan celebrou a possibilidade de trocar ideias com as crianças, público-alvo da maior parte de suas obras, e destacou que seu último lançamento, O Mistério do Poço Seco (2023), surgiu após uma atividade semelhante à desta segunda, a partir da pergunta feita por um estudante.
— Esses momentos são muito importantes para mim e acredito que para eles também. Pelas perguntas, a gente vê o quanto eles se interessam pelo trabalho do escritor e o quanto alguns se identificam com a possibilidade de se tornarem escritores. Isso deve ser sempre incentivado. É uma das coisas mais bacanas da Feira do Livro — elogiou.