A tarde deste domingo (3) estava quente, na casa dos 30°C, mas o sol não castigou, ficando mais discreto. E isso motivou os porto-alegrenses a irem em peso para o primeiro final de semana da 70ª Feira do Livro.
Na estrutura montada na Praça da Alfândega, era difícil se movimentar sem esbarrar em alguém. Os visitantes interrompiam o caminhar abruptamente ao enxergar um título desejado nas bancas. E isso acontecia o tempo todo, empolgando os livreiros.
— As vendas estão muito boas. A Feira do Livro deste ano começou bem aquecida. A tendência é vender 20% a mais em comparação ao ano passado, em que fomos muito atrapalhados pela chuva — conta Jeferson Kohls, proprietário da banca Mania de Ler.
Em seu espaço, os livros mais vendidos eram De Onde Eles Vêm, de Jeferson Tenório, e Vera, de José Falero, que esgotou neste domingo e vai precisar ser reabastecido na segunda-feira (4). Ambas as obras são lançamentos muito esperados.
Já no campo das obras infantis e juvenis, a Banca dos Livros, em mais um ano, tem como o seu carro-chefe as histórias em quadrinhos (HQs) e os mangás, que são procurados, também, por adultos.
— Esse ano está muito bom. A temperatura, apesar de estar nos dando um suador (risos), está tirando a galera de casa. E a programação da Feira ajuda muito — destaca Sandra Zeni, que trabalha na Banca dos Livros.
O público também ficou animado, carregando sacolas cheias e participando de reencontros em meio à Praça da Alfândega. Frases como "guria, quanto tempo", seguidas de abraços, eram frequentes. Pessoas sozinhas, com amigos, namorados ou famílias numerosas ocupavam os espaços.
Vindos da Venezuela há 10 anos para viver em Porto Alegre, o casal de pesquisadores Elis Meza, 35 anos, e Lino Zabala, 34, juntamente com os dois filhos, Manoela, de nove anos, e Bruno, de um, colocam a Feira do Livro como rota obrigatória. Em todas as edições, se fazem presentes.
Na sacola de Manoela estava a a obra Contos Africanos — e ela ainda queria levar 50 Mulheres para se Inspirar. Para o pequeno, um colorido livro sobre dinossauros. Já para a mãe, uma publicação sobre ervas medicinais.
— Ler é uma atividade muito importante e que as crianças podem fazer em casa. Eles têm vários diferentes e, todo mês, recebem um kit de livros. Então, desde pequenos, eles vão ter contato com a leitura — conta Elis.
A professora de música Marília Henriques, 41, passava olhando para as bancas à procura de A Primavera da Pontuação, de Vitor Ramil. Ela havia acabado de sair do bate-papo do músico com Marcos Lacerda, autor do ensaio biográfico Vitor Ramil: O Astronauta Lírico — o qual ela já havia garantido.
— Esse ano ainda é muito especial por tudo que Porto Alegre passou. Vim pelo Ramil, mas, em breve, também vou olhar os saldos — diz Marília.
Na Praça de Autógrafos, a fila para pegar um autógrafo de Vitor Ramil era uma das mais longas da tarde. O cantor, assim como o português Afonso Cruz e o patrono Sérgio Faraco, fizeram sucesso com o público e mostraram que a Feira do Livro segue com a capacidade de mover multidões.