Toda semana, um jornalista do Grupo RBS irá compartilhar na seção O que Estou Lendo a sua paixão por livros por meio de dicas do que estão lendo no momento.
"A vida é muito curta para se ter um filho. Será que também é muito curta para não se ter?" Essa frase dá o tom do livro A Mulher de Dois Esqueletos, da escritora gaúcha Julia Dantas, lançado há pouco mais de um mês.
Este é um romance narrado da perspectiva de uma mulher que está chegando aos 40 anos e entra numa espiral de reflexões sobre maternidade e carreira que vão ditar o seu futuro.
A história se passa no período da pandemia, então o cenário é basicamente um pequeno apartamento onde essa mulher está praticamente isolada com o namorado. Ele prefere ignorar notícias de contágio e mortes, repete receitas de macarrão nas refeições, usa a cadeira ergonômica da parceira para trabalhar e à noite, de vez em quando, toma uma cerveja por videochamada com os colegas.
Ela, por outro lado, entra em um profundo dilema entre suas ambições profissionais, como escritora, e seus desejos maternais. Posso ser mãe? Quero ser mãe? Posso ser mãe e escrever? Ela se questiona.
Esses capítulos se intercalam com textos que a própria personagem está escrevendo. A história evolui para fora do espaço mental da narradora e mais não dá para falar, sob risco de spoilers.
Julia Dantas é uma escritora excelente. Seu texto tem ritmo e oscila entre humor e seriedade, dúvida e certeza, o absurdo e o realismo. Ela também é autora dos livros Ela se Chama Rodolfo e Ruína y Leveza, dois exemplares que também vale a pena ter na estante.
"A Mulher de Dois Esqueletos"
- De Julia Dantas
- Editora Dublinense
- 160 páginas
- R$ 69,90