Uma banca da Feira do Livro de Porto Alegre aposta na inclusão social. A NCN Comércio, que tem sede em Capão da Canoa desde 2016, oferece publicações em braille, Libras e outras que abordam temas diversos, como o autismo, por exemplo.
— O meu prazer é servir. Me conforta saber que estou fazendo o bem para uma pessoa. Isso dá prazer — afirma o livreiro e proprietário Gerson Niffa, 68 anos.
No estande da Feira, é possível encontrar todo tipo de literatura: dos clássicos aos livros mais atuais. A proposta de acrescentar as obras para pessoas com deficiência surgiu neste ano.
— A ideia surgiu na Feira do Livro de Santa Rosa. Tinha dois meninos lá de 14 anos, com mínima visão, tentando ler os livros — recorda o livreiro, que já trabalhava antes com livros que abordavam a questão do autismo.
A banca conta com vários títulos em braille da coleção Black Power, da Editora Mostarda. As biografias de personagens como Rosa Parks, Barack Obama, Martin Luther King, Luiz Gama, Alice Walker, Conceição Evaristo, Angela Davis e Júlio Emílio Braz estão à disposição dos deficientes visuais em material de qualidade e colorido.
— Houve uma senhora cega que comprou dois livros infantis para dar para um casal de pais, também cegos, lerem com o filho que enxerga — conta Niffa, dizendo que cenas assim são muito emocionantes.
Por enquanto, apenas cinco obras em braille foram vendidas na banca, que também oferece quebra-cabeças para crianças com deficiência visual. Mas a semente está plantada.
Além disso, os clássicos infantis em Libras são outra atração no local. Obras como Rapunzel, Branca de Neve e os Sete Anões, Cachinhos Dourados e os Três Ursos, A Bela Adormecida e Chapeuzinho Vermelho são uma ótima oportunidade para o leitor se familiarizar com a língua de sinais.
— Precisamos divulgar essas obras e entraremos em contato com alguns órgãos e com as prefeituras do interior do Rio Grande do Sul. Os cegos não vão à Feira do Livro porque têm dificuldades em encontrá-las — explica o livreiro, que foi o primeiro a oferecer livros em mangá, na Feira da Capital em 2016.
Os livros em braille ou Libras custam entre R$ 30 e R$ 35 (infantis) e entre R$ 50 e R$ 55 (adultos).
— Temos de sentir prazer naquilo que fazemos. Não podemos enxergar o cliente apenas como um cifrão — conclui.