Enquanto a 65ª Feira do Livro ocupa a Praça da Alfândega, o Ciclo de Conferências Fronteiras do Pensamento se prepara para a última palestra do ano, a de Luc Ferry, na próxima segunda-feira (11). Ano após ano, as duas iniciativas culturais costumam coincidir e firmar parcerias que já renderam encontros com convidados especiais e muitos livros vendidos.
Esse foi o assunto do bate-papo Fronteiras e Feira do Livro: uma conversa sobre ideias, curiosidades, leitura e conhecimento, que ocorreu na tarde desta quarta-feira (6), entre 14h e 15h, no Auditório Barbosa Lessa no Centro Cultural CEEE Erico Verissimo, reunindo o jornalista de GaúchaZH Daniel Scola, o livreiro Milton Ribeiro, a coordenadora editorial do Fronteiras do Pensamento Lu Thomé e o presidente da Câmara Rio-Grandense do Livro, Isatir Bottin Filho.
— Lembro muito bem da vinda do Mia Couto. Fizemos um evento para mil pessoas na feira e estava lotado — lembrou Isatir Bottin Filho. — A Scholastique Mukasonga veio no ano passado e seus livros venderam muito bem — acrescentou o presidente.
Jornalista e proprietário da Bamboletras, Milton Ribeiro comercializa os livros dos autores convidados para o Fronteiras do Pensamento e revelou os que mais fizeram sucesso com o público:
— A Leïla Slimani foi a autora que mais vendeu, surpreendentemente. O Siddhartha Mukherjee, que tinha um livro sobre câncer, foi o segundo que mais vendeu. É algo totalmente imprevisível. Já o Werner Herzog não vendeu nada.
No palco do auditório, os convidados também compartilharam quais conferências consideraram especialmente marcantes.
— Nenhuma conferência foi tão marcante quanto a do Denis Mukwege — opinou Scola, ressaltando a coragem do médico congolês vencedor do Prêmio Nobel da Paz, que vivia sob constante ameaça por atender mulheres vítimas de violência sexual de milícias no Congo.
Lu Thomé declarou preferência pelas palestras de escritores e comentou sobre a fala de Contardo Calligaris, na mais recente conferência do ciclo:
— A resposta para a boçalidade é que as pessoas acabam se voltando para a arte, a cultura e a estética. Segundo ele, as respostas podem vir do campo da ficção.