Os escritores Olga Tokarczuk e Peter Handke foram anunciados como ganhadores do prêmio Nobel de Literatura de 2018 e de 2019, respectivamente. A Academia Sueca divulgou os vencedores em sua conta no Twitter na manhã desta quinta-feira (10).
Neste ano, o anúncio dos vencedores foi duplo devido ao escândalo sexual envolvendo o dramaturgo e fotógrafo franco-sueco Jean-Claude Arnault. Ele administrava uma fundação cultural que recebia fundos da Academia Sueca e foi acusado de estupro. Arnault era casado com a poeta Katarina Frostenson, que é membro da academia. O dramaturgo também foi acusado de vazar nomes de vencedores do Nobel de Literatura.
Por conta das denúncias de corrupção e de abusos sexuais, a fundação Nobel cancelou a premiação do troféu literário em 2018 e anunciou, em março deste ano, que a premiação de 2019 seria dupla. Já Arnault foi condenado a dois anos e meio de prisão por estupro.
A escritora polonesa Olga Tokarczuk venceu o prêmio referente ao ano de 2018. Já o austríaco Peter Handke foi considerado vencedor de 2019. Cada um dos ganhadores vai ganhar 9 milhões de coroas suecas (o equivalente a cerca de R$ 3,7 milhões).
Criada em 1786, a Academia Sueca escolhe somente o vencedor do Nobel de Literatura. Outras instituições acadêmicas do país selecionam os vencedores dos campos da ciência. O Nobel da Paz é escolhido por um comitê norueguês.
Quem são os vencedores
Olga Tokarczuk
Segundo a Academia Sueca, Olga Tokarczuk foi premiada por "sua imaginação narrativa que, com uma paixão enciclopédica, simboliza a passagem de fronteiras como forma de vida".
A escritora, de 57 anos, nasceu em Sulechów, na Polônia. Foi criada em meio à literatura: seus pais eram professores e seu pai também trabalhava como bibliotecário em uma escola. Olga estreou como escritora de ficção em 1993 com Podróz ludzi Księgi (A jornada do povo do livro, em tradução livre).
De acordo com o Nobel, a verdadeira inovação da escritora veio com seu terceiro romance, Prawiek i inne czas (Primitivo e Outros Tempos), de 1996. Porém, o comitê da Academia Sueca considerou o romance histórico de 2014, Księgi Jakubowe (Os Livros de Jacó), como sua grande obra prima. "Ela mostrou neste trabalho a capacidade suprema do romance de representar um caso quase além da compreensão humana", disse o comitê do Nobel.
Olga Tokarczuk venceu, em 2018, o Prêmio Internacional Man Booker do Reino Unido pelo romance Flights, que reúne uma série de histórias e contos baseados em histórias reais. O único livro da escritora publicado no Brasil é Os Vagantes, de 2014 (Bieguni, no título original em polonês).
Peter Handke
O Nobel de 2019 foi concedido a Handke por uma obra "repleta de ingenuidade linguística que explora a periferia e a singularidade da experiencia humana", segundo o comitê avaliador.
O escritor, de 76 anos, nasceu em Griffen, no Sul da Áustria. Seu romance de estreia foi Die Hornissen, (As Vespas, em tradução livre), publicado em 1966. A obra e a peça Ofendendo o Público, de 1969, são citadas pela academia como responsáveis por deixar a marca do escritor no cenário literário.
"Mais de cinquenta anos depois do lançamento de seu primeiro livro, tendo produzido um grande número de obras em diferentes gêneros, o laureado de 2019, Peter Handke, estabeleceu-se como um dos escritores mais influentes da Europa após a Segunda Guerra Mundial", ressaltou o comitê do Nobel.
Ele também é autor de teatro, romances, poesia e roteirista de cinema.