Autora de romances como Canção de Salomão (1977) e Amada (1987), a escritora americana Toni Morrison morreu após uma breve doença, informou a família em um comunicado divulgado nesta terça-feira (6). Ela morreu no Centro Médico Montefiore, em Nova York, na segunda-feira (5). Primeira negra a ganhar o Prêmio Nobel de Literatura, em 1993, Toni tinha 88 anos.
"Apesar de sua morte representar uma tremenda perda, estamos gratos por ela ter tido uma vida longa e bem vivida", informou a família.
Morrison nasceu em Ohio em 18 de fevereiro de 1931. O Olho Mais Azul, seu primeiro romance, foi publicado em 1970. Ela prosseguiu com Sula em 1973 e, depois, publicou outros nove romances. Também passou um tempo como editora na Random House e lecionou na Universidade de Princeton, pela qual se aposentou em 2006. Ela escreveu 11 romances em uma brilhante carreira literária e premiada que durou mais de seis décadas. Ganhou o Prêmio Pulitzer e o American Book Award em 1988 por seu romance Amada (1987). Ambientada após a Guerra Civil americana na década de 1860, a história é centrada em Sethe, uma escrava que escapa de Kentucky para o estado livre de Ohio mas é assombrada por Amada, uma menina misteriosa cuja relação com a protagonista será revelado em um twist dilacerante. Em 1998, o livro foi transformado em um filme dirigido por Jonathan Demme e estrelado por Oprah Winfrey e Danny Glover.
Morrison recebeu vários outros prêmios, incluindo o Prêmio Nobel de Literatura em 1993. Em 1996, ela foi homenageada com a Medalha de Honra da National Book Foundation. Em 2012, o então presidente Barack Obama lhe entregou Medalha Presidencial da Liberdade e, em 2016, ela recebeu o prêmio PEN/Saul Bellow pelo conjunto de sua obra na literatura de ficção americana.
Mais do que a maior escritora negra americana, ela apresentou, em sua ficção, uma espécie de memória social da história dos Estados Unidos. Seus romances mais conhecidos são épicos históricos sobre a presença negra na sociedade do país, como o já mencionado Amada (1987); Jazz (1992), sobre a renascença artística negra do Harlem nos anos 1920; e um romance a respeito da América Colonial do século 17; Compaixão (2012). Em sua obra mais recente, Deus Ajude Essa Criança, ela troca o passado por uma história contemporânea. Mas a incursão pelo presente serve para a autora investigar algo que já abordara em livros anteriores: as estruturas do racismo e o poder da violência sobre os mais frágeis. No caso, as crianças.
Muitas homenagens rapidamente foram feitas a ela após a notícia de sua morte.
"Ela era uma ótima mulher e uma grande escritora, e eu não sei do que sentirei mais falta", declarou Robert Gottlieb, editor de longa data da editora Knopf, em um comunicado divulgado pela AFP. Sonny Mehta, presidente da Knopf, disse que poderia "pensar em poucos escritores americanos que escrevem com mais humanidade, ou com mais amor pela linguagem, do que Toni". "Suas narrativas e prosa fascinantes deixaram uma marca indelével em nossa cultura. São obras canônicas e, mais importante, são livros que são amados pelos leitores", afirmou.