O cineasta alagoano Carlos "Cacá" Diegues, 77 anos, é o mais novo imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL). Com a eleição de seu nome nesta quinta-feira (30), o realizador, que também atua como cronista na imprensa, ocupará a cadeira número 7, que pertencia ao também diretor de cinema Nelson Pereira dos Santos, morto em abril deste ano. Como é tradicional na ABL, a votação foi feita por escrutínio secreto.
A disputa contava ainda com outros 10 nomes, entre eles o da escritora Conceição Evaristo, 71 anos, e do editor e historiador de arte Pedro Corrêa do Lago, 60 anos. A participação de Conceição no pleito ganhou apoio e foi tema de uma ampla campanha dos movimentos negro e feminista. Dos atuais 39 integrantes (com sua eleição hoje, Cacá fecha a cota regular de 40 nomes da entidade), apenas cinco são mulheres.
Diegues é o segundo realizador do cinema nacional eleito para a ABL. Nome que despontou na geração do cinema novo assinando títulos como o projeto coletivo Cinco Vezes Favela (1962) e Ganga Zumba (1963), o diretor consagrou-se nos anos 1970 com os sucessos Xica da Silva (1976), Chuvas de Verão (1978) e Bye Bye Brasil (1979). Seu filme mais recente, O Grande Circo Místico foi exibido no dia 24 de agosto, abrindo, fora de competição, o Festival de Gramado.
Em 2014, Diegues lançou pela editora Objetiva sua autobiografia, Vida de Cinema - Antes, Durante e Depois do Cinema Novo, na qual relembra como o encanto com as primeiras sessões dentro da sala escura, em Maceió, ainda criança, despertaram a paixão pelo cinema. O volume mescla memórias afetivas do diretor, impressões sociais sobre o Brasil e bastidores da realização de alguns se seus filmes, como Joanna Francesa (1973) – estrelado pela a diva da nouvelle vague Jeanne Moreau —, e a convivência com amigos realizadores, entre os quais o próprio Nelson Pereira dos Santos.