Identidade foi o tema central da conferência de Leïla Slimani no Fronteiras do Pensamento, nesta segunda-feira (18). A escritora ficou conhecida mundialmente com o lançamento do romance Canção de Ninar, que venceu o Prêmio Goncourt de 2016 e já vendeu 600 mil exemplares em 36 países.
De origem marroquina, a autora estudou em escolas que pregavam uma educação universalista. Além disso, ela e sua família se expressavam cotidianamente em francês na intimidade, diferentemente da maior parte da população de seu país. Mais tarde, ao mudar-se para a França, não se sentia exatamente uma francesa, tampouco marroquina.
— Neste momento da minha vida, cheguei a culpar meus pais por não me darem a educação que era o padrão do meu país. Eu ainda não tinha percebido que eles haviam me dado algo mais precioso: as ferramentas para ser uma mulher livre — avaliou Slimani.
Questionada por não assumir em seus livros uma postura militante em defesa das mulheres e das minorias, Slimani afirmou que não tem gênero quando exerce a função de escritora.
— Não sou mulher ou homem quando escrevo. Quando começo a leitura de um livro, não me interessa saber de onde é o escritor, qual é sua origem. A única coisa que me importa é se o livro é bom ou ruim. Um homem pode escrever um ótimo livro sobre uma mulher, assim como uma mulher pode escrever um ótimo livro sobre um homem. A literatura permite que se atravesse qualquer fronteira.