O quadrinista Mauricio de Sousa participou na manhã desta quarta-feira (27) do programa Timeline, da Rádio Gaúcha, para falar sobre Milena, personagem negra da Turma do Mônica lançada este mês. O anúncio foi realizado pelo criador dos gibis durante a Corrida Donas da Rua, no dia 17 de dezembro, evento que faz parte do projeto que defende o empoderamento feminino e a igualdade de gêneros. Na entrevista realizada por telefone, ele explicou que a temática racial não estará presente nos diálogos da personagem:
– Nossa revista é de entretenimento e diversão e, de certa maneira, de orientação comportamental. A criançada brinca muito, briga um pouco, faz as pazes, é solidária, mas não tem preocupações políticas ou de costumes no nosso material, nem deve ter.
Para Mauricio, a discussão sobre o o racismo é positiva, mas não é a proposta de suas histórias em quadrinhos.
– Nas nossas histórias temos que colocar momentos alegres e divertidos, sugestivos quanto a hábitos e costumes. É mais um personagem nosso que vai se incorporar às outras turmas. Ela vai ter uma família. Vai ter um vida social que deveria ser a vida normal e ideal no país. Não vamos falar de problemas, mas, sim, mostrar (a personagem) vivendo uma vida normal – destacou.
O quadrinista ressaltou que faz histórias para a família, buscando retratar comportamentos que sejam aceitos pela sociedade.
– A discussão que fique na porta da rua, lá para fora. Dentro de casa, estou fazendo histórias divertidas de entretenimento. Eu quero que as crianças vivam histórias normais familiares, não interessa a raça, cor, credo, tudo mais. O que interessa é o comportamento social, da personagem com outros personagens. O que for ainda motivo de busca de comportamento social, eu não ponho. Falo para os meus roteiristas que nós não devemos ouvir pessoas radicais, que nos sugerem coisas na base do comportamento do personagem. O radicalismo fala sempre de coisas que não foram bem resolvidas pelo comportamento social. Quando um hábito ou costume já estiver aceito pela sociedade, ele entra na nossa história. Se ainda estiver em discussão, meio eletrizada e radical também, eu prefiro que não, que a poeira baixe. Falo para os roteiristas que não devemos levantar bandeiras, nossa revista não é para isso. Mas se passar uma bandeira aceita pela sociedade, essa daí nós poderemos empunhar também porque estaremos falando a língua do povo – contou.
Milena deve chegar às revistas na metade de 2018 e virá com a família, composta por seus pais e irmãos. De sobrenome Sustenido, a família viverá em um ambiente ligado a música e futebol. Seu pai será um produtor de espetáculos, enquanto sua mãe será veterinária – que servirá como um mote para orientar sobre o cuidados com os animais.
Ouça a entrevista: