O traço de Mauricio de Sousa deu vida a Mônica, Cebolinha, Magali e Cascão nas histórias em quadrinhos que se tornaram sucesso pelo país desde os anos 1970. Agora, os personagens da Turma da Mônica ultrapassam as bordas da HQ e chegam ao cinema de cara nova - na verdade, em carne e osso. As filmagens do primeiro live action da turminha, Laços, começam em dezembro sob o comando do diretor Daniel Rezende - o mesmo de Bingo: O Rei das Manhãs, indicação brasileira para concorrer a uma vaga na disputa do Oscar.
Inspirado na graphic novel homônima assinada por Lu e Vitor Cafaggi, que integra o projeto no qual outros artistas apresentam histórias sobre os personagens, o longa previsto para estrear em 2018 tem um enorme desafio pela frente. É preciso transportar para uma narrativa audiovisual realista uma história já muito bem construída no imaginário de diferentes gerações brasileiras, sem perder a identidade do grupo liderado por Mônica. Para equilibrar a complicada equação, a ideia foi focar na espontaneidade dos pequenos atores.
- Tentamos concatenar em reuniões com o Mauricio de Sousa e com a equipe artística como a Turma da Mônica seria se existisse hoje, na rua detrás de casa. Buscamos crianças que tivessem características físicas, mas também o comportamento - explica o produtor Cao Quintas. - Não fomos atrás de um Cebolinha que trocasse o "R" pelo "L", buscamos a atitude. Para a Magali, estávamos procurando uma criança muito doce, e não comilona, que é o caricato. Fomos mesmo atrás das características humanas - completa.
O processso de seleção durou cerca de seis meses. Primeiro, o site oficial do filme recebeu inscrições de crianças de todo o Brasil - foram mais de 7,5 mil participantes. Depois, os testes presenciais em 10 cidades resultaram em 87 nomes. Mais testes e workshops e o número foi diminuindo até chegar em quatro nomes: Giulia Benite (nove anos), Laura Rauseo (nove anos), Kevin Vechiatto (11 anos) e Gabriel Moreira (nove anos), que serão, respectivamente, Mônica, Magali, Cebolinha e Cascão nas telas.
- Fui com meu pai lá no dia em que as crianças souberam que foram escolhidas. Todo mundo chorou de emoção. Eu e a Magali falamos com eles, nos identificamos muito com as meninas. Não vou dar dicas de atuação, agora é com ela (risos). Essa Mônica tem os dois lados: o lado doce e o lado enfezada - conta a Mônica da vida real, filha do cartunista e diretora comercial da Mauricio de Sousa Produções.
Sumiço de Floquinho une a turma
Atemporal, o filme com coprodução da Quintal Digital e da Latina Estúdio junto da Mauricio de Sousa Produções e da Paramount Pictures tem como referência estética produções infantojuvenis com a cara dos anos 1980, como Esqueceram de Mim, E.T. - O Extraterrestre e Os Goonies. Mas não será apenas o quarteto principal da história que ganhará uma versão verossímil com pegada oitentista. Floquinho, o cachorro verde do HQ que nasceu inspirado em um esfregão, será interpretado por um cão da raça Lhasa Apso - no cinema, ele manterá sua cor branca natural. Em Laços, o animal tem um papel central para o desenvolvimento da trama, já que ele desaparece, e o seu dono, Cebolinha, conta com a ajuda dos amigos Mônica, Magali e Cascão em um plano infalível para encontrá-lo.
- Os personagens já eram mais humanizados em Laços, e a história é bonita, é a respeito da amizade deles. Toda família tem uma criança que parece com algum dos personagens, sempre tem uma identificação - opina Mônica, que revela ainda não saber como vai segurar as lágrimas nas filmagens: - É como se eles saíssem dos gibis e virassem gente mesmo. E ainda vemos, pelo número de crianças inscritas, que existem milhares de Mônicas e Cebolinhas por aí. Quando começarem a filmar, nem sei como eu vou ficar (risos).