Carlos André Moreira
Se é fato que todas as vidas sofrem as consequências de seu tempo, em algumas delas as ondas de choque da História doem mais do que em outras. Nesse sentido, a vida do escritor Lima Barreto (1881 – 1922) é um retrato contundente do entrechoque das forças que moldaram o Brasil em que ainda vivemos. Negro, combativo, ácido contra as hipocrisias da sociedade em que vivia – em que teorias racistas supostamente científicas tentavam manter o apartheid até então naturalizado pela escravidão – Lima foi um autor que sofreu pelo seu projeto literário, todo ele muito consciente. É essa a interpretação oferecida pela historiadora e antropóloga Lilia Moritz Schwarcz em Lima Barreto: Triste Visionário (Companhia das Letras, 656 páginas, R$ 69,90 impresso e R$ 39,90 em e-book), biografia do autor lançada há poucas semanas.