São poucos, é verdade, mas alguns vendedores da 62ª Feira do Livro de Porto Alegre já leram todos os livros que exibem em suas bancas. Mais de uma vez. Editores da Capital que trabalharam e retrabalharam textos de diferentes autores para a publicação estão na Praça da Alfândega para encontrar leitores – muitas vezes atrás do balcão, atendendo o público. É uma oportunidade para quem visita o evento receber indicações de títulos que não têm muito espaço nas grandes redes livreiras, por quem conhece muito bem o que vende.
Leia mais:
VÍDEO: direto da Feira do Livro, colunista Paulo Germano fala sobre o conto que sempre o faz chorar
Resenha do dia: uma força do nosso tempo
Leia as últimas notícias de entretenimento
– Todo livro tem um leitor em potencial. É preciso fazer esse livro e esse leitor se encontrarem. Na Feira, temos oportunidade de ajudar nesse encontro – conta o editor Gustavo Faraon, enquanto atende um cliente e prepara troco para outro na banca da Dublinense, que, pela primeira vez, está com estande próprio na Feira.
– Às vezes a pessoa chega aqui, diz que gosta de tudo, aí você indica um livro de contos. Aí ela responde "odeio contos". E assim você vai descobrindo o que ela gosta ou não, e sempre há um livro legal para ela.Além da Dublinense, casas editoriais como Projeto e Arquipélago têm editores atendendo o público na Feira do Livro. É uma grande oportunidade para os leitores conversarem diretamente com quem conhece bem o acervo que expõe, é também uma chance para os editores entenderem como os leitores reagem a suas publicações.
– Na maior parte do ano, vendemos para distribuidoras e livrarias. Os 15 dias da Feira são uma oportunidade de ter feedback sobre autores, preços e outras características do livro – afirma Tito Montenegro, da Arquipélago, que participa do evento pela segunda vez.
Embora nem sempre os editores estejam presentes em suas bancas, muitas outras casas editoriais do Estado têm estande próprio no evento, como L&PM Editores, Belas Letras e BesouroBox. Para alguns, a Feira é também uma importante oportunidade de faturamento. Clô Barcellos, da Libretos, explica que, em algumas edições, as duas semanas do evento foram responsáveis por cerca de um terço do que faturou ao longo do ano:
– Tudo depende de termos títulos fortes e estarmos bem posicionados na Praça. Faria uma diferença brutal em nosso orçamento se a cidade tivesse um evento como esse também no primeiro semestre.Já Luis Fernando Araújo, da Artes & Ofícios, que há 23 anos frequenta a Praça da Alfândega, aponta que o evento é também uma grande oportunidade de marketing institucional para as editoras:
– Poucas vezes podemos ter essa visibilidade ao longo do ano. E por um investimento relativamente baixo, se compararmos a eventos como as bienais de Rio e São Paulo.Para Rodrigo Rosp, da Dublinense, a Feira oportuniza que leitores conheçam livros que não estão nas grandes redes livreiras:
– Ao longo do ano, no máximo 10 títulos nossos são expostos nas grandes livrarias. O restante do iceberg fica submerso. Na Feira, eles finalmente encontram os leitores.