Não tem cura a situação de Fabrício Carpinejar. Mesmo se tivesse, o escritor não está em busca de remédio. Felicidade incurável, título do novo livro de crônicas do autor, reúne mais de 100 textos criados à luz de um sentimento de alegria que, embora sujeito a abalos momentâneos, não parece sujeito a se extinguir.
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Carpinejar estará nesta sexta-feira, às 19h, na Praça de Autógrafos da Feira do Livro para receber os leitores e assinar seu novo trabalho. Um pouco antes, às 17h30min, o poeta conversa com a escritora Carol Teixeira no bate-papo "Amor e sexo na pós-modernidade", na Sala Oeste do Santander Cultural.
Em entrevista a ZH, o autor explicar do que se trata e como atingiu sua felicidade incurável. Confira:
O que é a felicidade incurável?
É um título para diferenciar da euforia. Existe a felicidade fabricada para os outros, que se chama euforia, que é muito diferente da felicidade feita para si mesmo, que sobrevive apesar da tristeza. É possível estar triste, quieto, mas mesmo assim estar feliz. Mas esta é uma felicidade muito difícil de encontrar, porque não depende de visibilidade, de likes e compartilhamentos. É aquela felicidade de quem consegue transformar os acidentes e as gafes em humor. É possível rir das circunstâncias, porque humor é humildade. Quem realmente entende da vida é feliz com pouco. Já para ser triste é preciso de muito. Tem que acontecer uma tragédia para trazer a infelicidade, a não ser que se fique fomentando dores imaginárias, se fazendo de coitadinho, de injustiçado, de derrotado. Isso ocorre porque muita gente acha que, sendo triste, vai chamar a atenção. Já quando estamos felizes, não dividimos, não falamos, com medo da inveja.
Você está com casamento marcado para o dia 18 deste mês. Esse relacionamento deve ter influenciado as crônicas deste livro.
Acredito que sim, porque traz certa serenidade em saber lidar com os reveses, em não tentar ser consensual. Isso até parece papo de autoajuda, mas não é. Se você se dedicar ao trabalho, mas não à família, terá sucesso, mas será infeliz. Já se você se dedicar à família, pode até não ter sucesso profissional, mas ainda assim será feliz. Em relação ao casamento, me sinto agora bem guardado, tenho para onde voltar. Isso faz parte da felicidade incurável.
Como será o debate entre você e Carol Teixeira, nesta sexta-feira, na Feira do Livro?
Brinco que, no meu casamento, não é noivo e noiva, somos duas noivas (risos). Tudo bem, ela vai querer me surpreender, mas também ficará surpresa. Ela já entrou em pânico na hora em que eu disse que vou entrar na igreja vestido de Curinga. Esse tipo de provocação estará no debate. É a coisa de não se levar muito a sério. É preciso levar a literatura a sério, não a si mesmo. Tem gente que acredita que é clone daquilo que escreve. Agora, acho que serei um conservador perto da Carol. Para lembrar meu casamento, vou me sentir meio Padre Fábio de Melo. Serei o careta da mesa! (risos).