Amantes de duas tradições do Rio Grande do Sul – o futebol e a literatura – poderão se encontrar neste sábado na Praça de Autógrafos da Feira do Livro. Às 18h, Cléber Grabauska e Júnior Maicá autografam o livro Sala de Redação, que conta a história do programa de debates esportivos mais famoso do Estado.
Lançado em julho, o livro surgiu na esteira das comemorações dos 45 anos do programa. A ideia era atualizar Sala de Redação, a divina comédia do futebol, coescrito por Grabauska e José Rafael Rosito Coiro. A coisa começou a crescer, a atualização acabou virando uma nova publicação, e o texto deu origem a um documentário em DVD.
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– É difícil dizer o que mais me atrai no Sala, porque fui ouvinte, pesquisador e, de forma interina, participante do programa – conta Grabauska.
– Me criei em Ijuí e, quando minha família se mudou para Canoas, comecei a ter contato com as emissoras da Capital e descobri a Rádio Gaúcha e o
Sala de Redação. Para mim, aquilo era uma novidade espetacular, e acho que essa tradição de ouvir o Sala de Redação passa de pai para filho até hoje. Isso talvez explique os 45 anos de sucesso do programa.
Três momentos marcantes do Sala de redação, por Cléber Grabauska:
1. As brigas sempre fizeram parte da história do programa. E Paulo Sant’Ana estava em quase todas elas. Em 1995, enfrentou Ruy Carlos Ostermann numa das discussões mais duras do Sala: naquela ocasião, o programa foi transmitido de Tóquio, após a final do Mudial em que o Ajax derrotou o Grêmio. Indignado com o resultado e com os elogios que a imprensa gaúcha fazia ao Ajax, Sant’Ana achava que o Grêmio havia perdido porque respeitou demais o time holandês. Ele colocou um pouco dessa culpa no Professor, e a discussão desandou, passou para uma série de acusações. Enquanto os colegas que estavam no Japão tentavam acalmar os debatedores, em Porto Alegre o operador de áudio foi obrigado a rodar o intervalo comercial.
2. Em diversas ocasiões ao longo dos últimos 45 anos, muitos profissionais que se sentiram atingidos, de alguma maneira, pelas críticas dos integrantes do programa decidiram ir pessoalmente até o estúdio da Rádio Gaúcha para tirar satisfações. Foi assim em 1976, quando o então presidente da Federação Gaúcha de Futebol (FGF), Rubens Hoffmeister, foi até o local de onde o programa estava sendo transmitido para reclamar sobre algo que Ibsen Pinheiro havia dito. Os dois acabaram saindo no soco, e a situação teve de ser controlada.
3. Em 1997, Renato Marsiglia, um apaixonado por tênis, andava nas nuvens com o desempenho de um brasileirinho pouco conhecido, chamado Gustavo Kuerten, no torneio de Roland Garros. A cada dia em que Guga vencia, Marsiglia fazia um comentário entre os colegas de Sala de Redação, que o olhavam torto, como quem diz:“Quem quer saber de tênis?”. Marsiglia seguiu na sua batalha, e, dias depois, um assunto que era solenemente ignorado no programa tomou conta do Sala de Redação – a ponto de o debate ser suspenso para que o narrador Roberto Brauner contasse, justamente no horário do Sala, a vitória de Guga nas semifinais do torneio. Ah, naquele dia, Renato Marsiglia foi o comentarista da partida de tênis.
Sala de Redação
De Cléber Grabauska e Júnior Maicá
Bairrista, 250 páginas, R$ 34,90 (livro + DVD)
Autógrafos no sábado, às 18h, na Praça de Autógrafos