A Jornada Nacional de Literatura de Passo Fundo estará de volta em 2017. Nesta quarta-feira, a Universidade de Passo Fundo (UPF) confirmou que o evento – cancelado em 2015 por falta de recursos – será retomado de cara nova. Com custos reduzidos e foco na descentralização, o encontro literário ocorrerá entre 3 e 8 de outubro do ano que vem.
Marca registrada da Jornada, a tradicional grande lona seguirá como ponto de encontro do público, mas a ideia é ir além, dialogando ativamente com os espaços culturais da cidade. Ocupação de lugares públicos e privados será uma das prioridades – a exemplo do projeto Livros na Mesa, Leituras Boêmias, que promoverá debates sobre literatura em bares à noite. Essa nova dinâmica acaba se ajustando melhor ao momento de economia de recursos, como explica Miguel Rettenmaier, da coordenação do evento:
– Estamos trabalhando com um contexto de crise. Isso não significa perder a qualidade de trabalho, mas implica em racionalizar atividades, projetos e investimentos.
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Na edição cancelada em 2015, a organização teria conseguido captar apenas metade dos R$ 3,5 milhões previstos no orçamento. Para o ano que vem, estima-se que o evento será mais enxuto, porém, o real tamanho ainda é uma incógnita.
– Prefiro não falar em orçamento, mas falar em ideias. De orçamento temos apenas algumas projeções – desconversou Rettenmaier.
Abarcando aspectos financeiros e conceituais, a reformulação da Jornada afetará, principalmente, a estrutura da programação – em anos anteriores, já passaram por Passo Fundo nomes como Edgar Morin, Pierre Lévy e Jostein Gaarder. É provável que haja uma redução no número de convidados. Também ainda não foi confirmada pela organização ou pelo Grupo Zaffari a entrega do Prêmio Passo Fundo Zaffari & Bourbon de Literatura, de R$ 150 mil,a premiação literária de maior valor no Estado.
Modificação não representa ruptura com edições anteriores
Afastada da coordenação da Jornada pela UPF desde 2015 – após divulgar extraoficialmente em entrevista à imprensa o cancelamento do evento –, a professora Tania Rösing esteve à frente do "circo das letras" por mais de três décadas. Agora, os novos organizadores se inspiram no trabalho de Tania para seguir adiante com o evento e afastam a hipótese de ruptura com as edições anteriores.
– Ela é a nossa referência, é a pessoa que idealizou o projeto – afirma Rettenmaier.
Procurada pela reportagem, Tânia não quis se manifestar sobre o tema.
– Não tenho nada a ver com esse assunto – disse, por telefone.