Mais do que uma tradicional edição do Sarau Elétrico, no Ocidente, o encontro literário realizado nessa terça-feira serviu de ode a um dos maiores escritores brasileiros em atividade: Luis Fernando Verissimo. Prestes a celebrar 80 anos em 26 de setembro, o colunista de ZH aceitou participar do evento, mas adiantou antes de subir ao palco, entre risos:
– Olha, eu odeio ler em público qualquer coisa.
De fato, Verissimo não tomou o microfone para si, muito menos os holofotes. Às 20h30min, chegou discretamente acompanhado da esposa, Lucia, e de alguns familiares. Subiu as escadas do bar com certa dificuldade e, até o momento de desbravar o palco, tirou fotos com alguns fãs que se amontoavam em volta de sua mesa. Pontualmente às 21h, Katia Suman, Luís Augusto Fischer e Diego Grando, que encabeçam o sarau, deram início ao encontro apresentando "uma das pessoas mais queridas e respeitáveis dessa terra", nas palavras de Katia.
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Os primeiros 10 minutos se sucederam com um revezamento do trio lendo crônicas e textos do escritor. Da paixão pelo Internacional à timidez, passando também por uma divertida versão da criação do mundo, não importavam os temas abordados: o público se deliciava com a leitura e, no fim, tudo culminava em risadas e aplausos enérgicos. Na primeira intervenção de Verissimo, instigada por Katia, ele tirou uma folha de papel amassada debaixo do casaco e começou a ler frases soltas de suas crônicas – os trechos devem estar no próximo livro com lançamento previsto para setembro, intitulado Verissimas.
A dinâmica da noite transcorreu nesse ritmo de rodízio de fala. Frases como "Viva todo o dia como se fosse o último, um dia você acerta" ou "se todo mundo fosse gaúcho, ser gaúcho não teria vantagem", declamadas timidamente por Verissimo, arrancaram do público altas risadas. Mas o momento de ápice se deu na leitura de uma crônica difamando George Clooney – a própria intérprete, Katia, precisou dar uma pausa para recuperar o fôlego após tanta gargalhada.
Outros dois textos que se destacaram no sarau não eram de Verissimo, mas, sim, de Claudia Tajes e Gregorio Duvivier. A plateia ouviu, em primeira mão, uma homenagem da escritora gaúcha ao colega de profissão, que deve ser publicada em ZH nesta semana. Já do ator e humorista carioca, Fischer leu um poema irônico sobre Temer – ao fim, aplausos e gritos de "Fora Temer" tomaram conta do Ocidente.
Antes da canja musical, desta vez com a participação do flautista Vladimir Soares, não poderia faltar o clichê, mas indispensável, parabéns a você. E não só o tradicional, claro: no bis, foi a vez da versão gaudéria. Depois da cantoria, os presentes pediram o tradicional discurso ao escritor que, à la Verissimo, soltou, apesar das raríssimas intervenções ao longo da noite:
– Já falei demais.
Confira como foi o parabéns: