Leitor gosta de listas. E não é apenas na internet, onde a fórmula de escrever elencando tópicos como “os 10 mais...” ou “os cinco melhores...” é cada vez mais popular. Também no mercado editorial a mania por listas já criou sucessos de público, como a Coleção 1.001, com seus 1.001 Filmes para ver antes de morrer e 1.001 Discos para ouvir antes de morrer, entre outros best-sellers. A mais nova candidata a entrar na lista (opa!) dos mais-vendidos é a série Brasil 101, cujo primeiro volume acaba de chegar às livrarias.
A estreia se deu com 101 brasileiros que fizeram história (232 páginas, R$ 49,90), de Jorge Caldeira, livro que deve ser seguido de edições sobre música, televisão, lugares históricos, artes visuais e cinema. Na curadoria do projeto, está o jornalista Eduardo Bueno, o Peninha:
Leia mais:
Mundo Livro: "Os visitantes" e mais novidades da literatura
Jornalista português comenta ligação de Josué Guimarães com a KGB
"Antônio Chimango", de Ramiro Barcellos, ganha nova edição
– Todo mundo se amarra numa lista. Mas dei à série um suingue, uma requebrada no conteúdo. É uma coleção que propõe ao leitor refletir sobre o Brasil.
Brasil 101 é o primeiro projeto da Estação Brasil, selo editorial da Sextante criado por Pascoal Soto, editor que participou da implantação da Planeta e da Leya no Brasil, responsável pela preparação de best-sellers como 1808, de Laurentino Gomes, e Guia politicamente incorreto da história do Brasil, de Leandro Narloch.
– A coleção pretende abordar grandes temas para grandes públicos. Para escrever cada um dos volumes, chamamos, se não a maior, uma das grandes referências de cada tema – afirma Soto.
Nelson Motta, Patrícia Kogut, Peninha, Vik Muniz e Walter Salles serão os autores dos próximos livros já confirmados.
– É pra ter a pegada do autor. Pautei todos do mesmo jeito, dizendo que era para fazerem uma lista autoral e instigante. Tem que ser provocativa, no sentido de o leitor reclamar mesmo, perguntar por que faltou fulano. Por ser 101, e não 1.001, muita coisa fica de fora, e um pouco da graça é especular por que tal coisa entrou ou não – diz Peninha.
Conheça os autores confirmados pela série:
Jorge Caldeira
O autor de 101 brasileiros que fizeram história, primeiro livro da série Brasil 101 que já chegou às livrarias, pesquisa história há mais de 40 anos. Já assinou biografias do sambista Noel Rosa e do visconde de Mauá.
– O último livro que escrevi (Júlio Mesquita e seu tempo) tem 1,7 mil páginas em quatro volumes. Foi muito bom fazer esse exercício de concisão, de escolher e apresentar bem mais de 100 perfis – conta.
A lista do autor não contemplou apenas grandes personalidades históricas. Há espaço também para personagens pouco conhecidos, com Sebastiana, menina que aparece na capa do livro, da qual não se sabe muito mais do que o nome e a data aproximada de nascimento (1815), mas que representa as famílias miscigenadas do país.
– Como eu queria que o livro fosse uma média do brasileiro, tinha que ter todas as gerações, cores, conhecidos e desconhecidos. D. Pedro I e José de Anchieta estão lá, mas esta não é uma lista de brasileiros excepcionais. São brasileiros que fizeram história, e o Brasil começa com a mistura de português e tupi – explica o escritor.
Nelson Motta
O segundo voluma da coleção deve chegar às livrarias até setembro. Trata-se de 101 canções que tocaram o Brasil, de Nelson Motta.
– Esse vai dar morte – brinca o curador Eduardo Bueno, o Peninha. – O Brasil é tão pródigo musicalmente que seria fácil fazer um livro com 1.001 canções. Vai ter gente indignada com o que não entrou.
Compositor, produtor e jornalista, Motta assina livros sobre MPB que se tornaram best-sellers, como Noites tropicais, em que narra suas memórias ao lado de ícones da música nacional, e Vale tudo, biografia de Tim Maia.
– Nelsinho está agora escrevendo um posfácio, tentando explicar por que tanta gente boa teve que ficar de fora do livro, mas a gente já sabia que isso iria ocorrer – conta o editor Pascoal Soto.
Patrícia Kogut
A televisão será o foco do terceiro volume da série Brasil 101, que deve sair nos primeiros meses de 2017. Jornalista com mais de 20 anos de carreira, Patrícia Kogut é a responsável pelo livro, que tem o título provisório de 101 personagens que marcaram a tv brasileira, mas deve abranger também fatos.
Para Eduardo Bueno, curador da coleção, a personalidade de Patrícia se encaixa no perfil provocativo que a Brasil 101 procura:
– Acho incrível ela dar nota zero para muita gente na coluna dela 101O Globo. Em um país que tem medo de crítica, tem que ter muita coragem para fazer o que ela faz.
Peninha
Além de curador da coleção Brasil 101, o jornalista Eduardo Bueno, o Peninha, assinará o quarto volume da série, 101 lugares que marcaram a história do Brasil. Autor da série Terra Brasilis, que narra episódios históricos de modo simples e acessível, pretende dar um tom de guia de viagem ao novo livro, apontando como estão atualmente os espaços por ele elencados.
– Primeiro quero dizer “olha, a história aconteceu aqui” e depois “olha o jeito que a gente trata nossa história”.
Vik Muniz
101 imagens que projetaram o Brasil deve ser o quinto volume da série Brasil 101. O autor será o artista Vik Muniz, paulista radicado há 30 anos em Nova York, considerado um dos artistas nacionais de maior reconhecimento no Exterior. Com trabalhos criados a partir de materiais inusitados como chocolate, brinquedos e poeira, ganhou empatia do público e da crítica. Seu livro deve percorrer destaques das artes visuais do país ao longo dos séculos.
Walter Salles
O volume da coleção Brasil 101 sobre a sétima arte deve se chamar 101 cenas do cinema brasileira. O título é provisório, mas o autor está confirmado: é o cineasta carioca Walter Salles, diretor de Terra estrangeira (1995), Central do Brasil (1998) e On the road (2012), entre outros. Salles e Vik Muniz foram os últimos autores a assinar com o selo Estação Brasil, mas seus livros devem ser publicados ainda no próximo ano.